Gestão Alckmin suspende bônus para professores de SP

Valor seria usado para elevar salário em 2,5%; inflação acumulada desde último reajuste, há dois anos, é de 16%

PAULO SALDAÑA – FOLHA DE S. PAULO

O governo Geraldo Alckmin (PSDB) suspendeu o pagamento do bônus para os professores e servidores da educação neste ano. É a primeira vez que o governo do Estado deixa de pagar a bonificação desde que a política foi criada, em 2008.

O governo do Estado pretende utilizar o valores que seriam pagos com o bônus para conceder um reajuste à categoria. A proposta foi apresentada nesta segunda-feira a entidades sindicais.

Esse reajuste seria de 2,5% a serem pagos a partir de abril, segundo os sindicatos. A Secretaria de Educação do Estado não confirma o porcentual. No ano passado, os servidores da educação ficaram sem reajuste salarial.

Recebem o bônus os profissionais das escolas que atingiram as metas de desempenho do indicador de qualidade do Estado, o Idesp. No ano passado, 232 mil servidores da educação receberam um total de R$ 1 bilhão em bônus. O montante foi pago em duas vezes.

Para a professora Maria Izabel Noronha, presidente da Apeoesp, principal sindicato da categoria, o porcentual indicado para reajuste é tão baixo, "que não da para iniciar uma negociação". A entidade tem uma assembleia marcada para o dia 8 e ameaça iniciar um movimento de greve.

O presidente do CPP (Centro do Professorado Paulista), José Maria Cancelliero, também criticou a proposta. "A nossa opinião é que esse porcentual de 2,5% é uma miséria. O professor está sem reajuste desde 2014, mas a choradeira do governo é que está em crise e que não tem arrecadação", diz.

Em geral, os sindicatos sempre foram contrários à política de bônus e defendem a incorporação dos valores ao salário. Entre os professores da rede, há sempre grande expectativa para o pagamento, que ocorre em março.

Neste ano, os dados do Idesp tiveram avanço nas três etapas da educação básica. Os dados indicam que o número de professores beneficiados neste ano seria maior do que no ano anterior. O Estado já havia cancelado o pagamento de bônus às escolas ocupadas no ano passado durante a realização da prova de desempenho, o Saresp.

Como a bonificação é prevista em lei, o Estado apresentou às entidades uma minuta de projeto de lei para a conversão dos recursos financeiros destinados ao pagamento da Bonificação para o estabelecimento de índice de reajuste. A pasta não indicou se o projeto foi encaminhado à Assembleia Legislativa.

Na justificativa do projeto, o governo defende que a proposta "atende uma das mais significativas reivindicações da rede estadual de ensino". Caso seja confirmado, o reajuste deve atingir também os aposentados. 

Matéria publicada originalmente na Folha de S. Paulo.
 

Compartilhe este artigo