Perda de água da Sabesp daria para abastecer uma cidade com 685 mil habitantes

Por Wanderley Preite Sobrinho 

São 623 bilhões de litros desperdiçados por ano, suficientes para levar água à cidade de Osasco, a sexta mais populosa do Estado

Desde o início do mês, o governo do Estado de São Paulo promete conceder um desconto de 30% na conta de água às famílias de 31 cidades que fecharem as torneiras e reduzirem em 20% o uso de água. Apesar da recomendação, a Sabesp (empresa responsável pelo fornecimento de água no Estado) desperdiça em média os mesmos 20% de toda a água que distribui.

O dado foi fornecido pela companhia à Rede Nossa São Paulo, que pediu informações atualizadas por meio da Lei de Acesso à Informação. Esse percentual equivale a 623 bilhões de litros de água, suficiente para abastecer uma cidade com 685 mil habitantes, como Osasco, o sexto município mais populoso do Estado.

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A decisão de estimular a economia de água se deve à seca em todo o Estado, que reduziu para 12,5% os níveis do reservatório do Sistema Cantareira, de onde parte a água que chega à região metropolitana de São Paulo e algumas cidades do interior.

A Sabesp alega que o índice de perda é um dos menores do Brasil. No Amapá, por exemplo, esse nível foi de 73,3% em 2011, de acordo com o Sistema Nacional de Informações de Saneamento (Snis), do Ministério das Cidades. Pernambuco, com 65,7%, e o Acre, com 64,7%, aparecem na sequência.

“Para o Brasil é um índice bastante aceitável”, afirma o coordenador de projetos do Consórcio Intermunicipal das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ), José Cezar Saad. “Mas se compararmos aos países adiantados, ainda é um índice muito alto. No Japão, a média de perda fica em torno de 8%.”

Na Europa e Estados Unidos, essa taxa varia em torno dos 15%. Na cidade americana de Chicago, a perda é de 2%. Em Mumbai, na Índia, perde-se 12,5%, enquanto Tóquio baixou esse índice para 5%.

De acordo com a Sabesp, a maior parte das perdas ocorre nos ramais que ligam os dutos às residências. Eles ficam enterrados, são muito antigos e difíceis de serem reparados.

Saad explica que qualquer intervenção na rede de água da capital paulista tem um custo muito elevado. “É preciso parar o trânsito e mobilizar autarquias para fazer a intervenção, o que leva tempo e dispara os custos.”

Ele acredita que dificilmente São Paulo chegará aos níveis japoneses porque a redução total dos desperdícios custaria muito dinheiro. “Não compensa. É mais barato trazer água tratada de lugares distantes.”

Ainda de acordo com o relatório encaminhado pela Sabesp, apenas em 2020 a cidade irá alcançar o índice 16,6% de desperdício.

Matéria originalmente publicada no portal Último Segundo

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