“Goulart: gráfica atuou com Prefeitura” – Jornal da Tarde

 

A Companygraf, empresa que tem como sócia a mulher do vereador Antonio Goulart (PMDB), abriga em sua sede outra gráfica que já recebeu pelo menos R$ 261.884,52 em contratos com a Prefeitura, empresas municipais e com o Tribunal de Contas do Município (TCM). A gráfica em questão está registrada na Receita Federal como Studio Companygraf Impressos e Editora. Seu endereço – Rua Maria Aparecida Anacleto, 471 – fica a apenas 10 metros de onde funciona a Companygraf. Ontem, o JT mostrou que Goulart usou R$ 37 mil da verba de gabinete – cota mensal disponibilizada pela Câmara para despesas do mandato – para pagar serviços prestados pela Companygraf.

No papel, a Companygraf e a Studio Companygraf são empresas distintas. Mas, na segunda, a reportagem ligou para o número que consta no site da Companygraf e perguntou à atentdente se seria possível falar com a Studio Companygraf. “Pode falar aqui mesmo”, foi a resposta. “São as mesmas pessoas.”

A empresa foi contratada por vários órgãos municipais, como São Paulo Turismo (R$ 160,5 mil) e Ouvidoria Geral do Município (R$ 30 mil). A única subprefeitura que aparece na lista é a de Capela do Socorro (ao menos R$ 29,4 mil). A região é reduto eleitoral de Goulart. Os contratos não ultrapassam R$ 8 mil. Por isso, vários não precisam de licitação. No Diário Oficial, há ao menos R$ 8.601,20 em contratos com o TCM.

SPTuris e Ouvidoria informaram que “não há favorecimento ou ilegalidade em relação aos processos de contratação”. O TCM diz que “não é usual consultar a composição acionária de empresas que prestam pequenos serviços”.

O advogado de Goulart, Ricardo Porto, nega infração ética. “A gráfica não contratou com o poder público, mas com a pessoa física do parlamentar. A Companygraf não recebeu verba pública. O vereador pediu ressarcimento à Câmara de gasto feito por ele.” Para ele, a Casa só veda contratação de empresas ligadas a parlamentares, familiares ou cônjuges com a administração.

Corregedor da Câmara, Marco Aurélio Cunha (DEM), reconheceu que a prática é errada e prometeu investigar.

Filho no TCM

Com salário de R$ 7,1 mil, Fábio Hayashi Goulart, filho de Antonio Goulart, é assessor do Tribunal de Contas do Município desde novembro, mas estagiava lá desde 2007. Para membros do Conselho Nacional de Justiça, o caso seria nepotismo. O TCM diz que ‘não faz parte do Legislativo’ e que Fabio foi nomeado ‘independente de conotação política’

Bruno Tavares, Diego Zanchetta e Rodrigo Burgarelli

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