Fórum Empresarial: investimento em criança e adolescente combate ciclo de pobreza

 

Esta é uma das razões mencionadas no guia de investimento social, lançado nesta sexta (15/10) em SP, para que as empresas priorizem ações destinadas ao segmento

Airton Goes airton@isps.org.br

“A falta de investimento na infância e adolescência contribui fortemente para o acirramento das desigualdades, gerando uma série de riscos”, afirma o guia de investimento social lançado nesta sexta-feira (15/10) na cidade de São Paulo. Entre os riscos apontados pelo documento, que foi apresentado no evento pela coordenadora regional do Fundo das Nações Unidas para Infância (Unicef), Anna Penido, estão “perpetuação da pobreza, comprometimento da qualidade da força de trabalho e aumento da violência”. 

Na exposição sobre o guia destinado a auxiliar as empresas em seus investimentos sociais, Anna destacou também o que pode ser feito para reverter a situação de crianças e adolescentes da periferia. “Investir em ações articuladas que sejam capazes de promover o desenvolvimento integral de meninos e meninas.” Para reforçar os argumentos em defesa de uma ação mais integrada dos empresários em defesa dos direitos do segmento, ela mencionou o problema da violência. “No ano passado, 630 meninos e meninas foram assassinados em São Paulo. Principalmente meninos, negros e da periferia.”

O guia Propostas para Infância e Adolescência é resultado de uma parceria entre o Fórum Empresarial de Apoio à Cidade de São Paulo, a Rede Nossa São Paulo, o Instituto Ethos e a Unicef. “O objetivo é colocar esse material a disposição de todos”, explicou Oded Grajew, coordenador geral da secretaria executiva da Rede Nossa São Paulo.

Maria Alice Setúbal, da Fundação Tide Setúbal e do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec), apresentou a palestra “Crianças e adolescentes: uma nova proposta de investimento social das empresas”. Segundo ela, o Brasil melhorou muito, mas ainda precisa avançar muito mais.  “Se não resolvermos estas questões de base, que envolvem a situação das crianças e adolescentes, não conseguiremos alcançar o desenvolvimento”, constatou.

Ao relatar a experiência da Fundação Tide Setúbal na Zona Leste da cidade, Maria Alice alertou para a necessidade de os empresários e as organizações que forem investir em ações sociais na periferia fortalecerem o capital social e cultural já existente, levando em consideração as organizações locais.

No evento, foram apresentados dois casos concretos de atuação social bem sucedida de empresas que já trabalham com crianças e adolescentes: o Programa Jovens Urbanos, promovido pela Fundação Itaú Social e Cenpec, e o Centro de Educação Infantil Luz e Lápis, uma das ações de responsabilidade social da companhia AES Eletropaulo.

“A idéia não é olhar tanto as vulnerabilidades sociais, embora elas existam, é apostar nos talentos que existem na periferia”, explicou Maria do Carmo Brant, do Programa Jovens Urbanos, que em cinco anos já atendeu 2.880 jovens, de 15 a 20 anos.

“O Centro Educacional Infantil Luz e Lápis é uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP), que atende 300 crianças, de 1 ano a 5 anos e 11 meses, em duas unidades na região de Santo Amaro”, relatou Luciana Alvarez , gerente de Comunicação Externa e Responsabilidade social da AES Eletropaulo.    

As duas experiências exemplares estão disponíveis no site do Fórum Empresarial de Apoio à Cidade de São Paulo e podem ser utilizadas por outras empresas que desejem investir para melhorar a situação de crianças e adolescentes. Ao final do evento, o gerente-executivo de Políticas Públicas do Instituto Ethos, Caio Magri, solicitou que os empresários cadastrem suas empresas no fórum e registrem as ações sociais que realizam.

Também participaram do lançamento do guia de investimentos sociais, Josef Barat, da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FECOMERCIO), que foi o anfitrião do evento, além de Rafael Gioeilli, do Instituto Votorantim e do Movimento Juntos pelo ECA, e de Fernando Rossetti, do Grupo de Institutos, Fundações e Empresas (Gife).

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