Rio Como Vamos atualiza sistema de indicadores sobre a cidade

O Rio Como Vamos lançou uma nova edição de seu Sistema de Indicadores sobre a cidade. A atualização dos dados revela o que melhorou, o que piorou e o que se manteve estável na cidade nos últimos anos.

São ao todo 90 indicadores para as áreas de saúde, educação, violência, meio ambiente, cultura, trânsito e trabalho e renda, que acompanham a evolução da qualidade de vida e da garantia de direitos da população. O trabalho é elaborado a partir de dados fornecidos pelas secretarias municipais e estaduais; pelo sistema DATASUS, do Ministério da Saúde; pelo Censo Escolar do Ministério da Educação; pelo Instituto de Segurança Pública do Estado (ISP), entre outros órgãos oficiais. As informações fornecidas por essas fontes para a cidade são desagregadas e formatadas pelas Regiões Administrativas, mostrando as desigualdades entre elas.

Um dos dados de maior impacto revelados refere-se à reprovação no ensino médio na rede pública dentro do município. O indicador, que passou de 20,29% dos alunos matriculados em 2006 para 30,15% em 2008, piorou em quase todas as Regiões Administrativas. Apenas na Pavuna e na Zona Portuária houve melhora, respectivamente de 34,58% para 10,76% e de 24,50% para 18,85%. Em Guaratiba, o indicador se manteve estável (27,76% para 27,03%). Os piores resultados em 2008 foram os das RAs Botafogo (39,66%), Copacabana (37,11%) e Tijuca (36,77%). Ao todo, 14 regiões ficaram acima da média da cidade.

Ainda no ensino médio público, o Sistema de Indicadores do Rio Como Vamos mostra que 19,23% dos alunos matriculados em 2008 abandonaram a escola antes de completar o ano letivo. O indicador aponta uma estabilidade quando comparado ao número de 2006 (19,88%), mas em 13 Regiões Administrativas houve piora. A RA com maior índice de abandono foi Cidade de Deus, com 30,88%. Em 2006, o indicador nesta localidade havia sido de 13,41%. Guaratiba também teve índice acima dos 30%. E acima dos 25% estavam Ramos, Irajá, Santa Teresa, Complexo do Alemão, Bangu, Realengo e Ilha de Paqueta.

Outro indicador que revela um quadro preocupante do ensino médio é o da distorção de idade, quando o aluno tem dois ou mais anos de atraso em relação à idade considerada ideal para a série de ensino. Em 2008, 62,44% dos alunos matriculados nas escolas públicas de ensino médio dentro da cidade do Rio apresentavam essa defasagem. O indicador se manteve estável em relação a 2006 na cidade e na maioria das RAs, melhorando em nove delas. No Centro e em Inhaúma, no entanto, houve piora, passando de 37,71% para 42,04% e de 58,81% para 63,09%, respectivamente. Mais uma vez, Cidade de Deus teve o pior indicador: 89,34%. Alemão, Portuária e Paquetá também têm índices acima de 80%. Maré, Santa Teresa, Anchieta, Ramos, Pavuna, Irajá, Barra da Tijuca e Guaratiba, acima de 70%.

Mortalidade infantil: um problema que persiste

Problema social combatido no Brasil nas últimas décadas pela Pastoral da Criança, criada pela Dra. Zilda Arns, recém-falecida no terremoto do Haiti, a mortalidade infantil (de crianças até um ano) persiste na cidade. Embora o indicador não se altere muito nos anos tratados na série histórica (2006, 2007 e 2008), apontando uma estabilidade por volta dos 13 por mil crianças nascidas vivas, o quadro muda ao se analisar esse indicador em cada uma das Regiões Administrativas, revelando grandes desigualdade e situações críticas.

No ano de 2008, as regiões que apresentam os piores índices de mortalidade infantil chegam a mais de 16 por mil e nos casos extremos ultrapassam 20 por mil. Esse é o caso de Maré (16,12/1000); Inhaúma (16,24/1000); Pavuna (17,72/1000); Anchieta (19,22/1000); Jacarezinho (19,67/1000); Vigário Geral (20,58/1000) e Cidade de Deus (20,71/1000).

Ao se analisar as fases em que se desdobra a mortalidade infantil (neonatal precoce, até seis dias; tardia, de sete a 28 dias; e pós-neonatal, de 29 dias a um ano), o problema também se revela desigual. Das três fases, a neonatal precoce é a que corresponde à maior parcela dentro da mortalidade infantil (6,10/1000), embora o número tenha mantido estabilidade de 2007 para 2008. Na neonatal tardia, que piorou, o indicador para a cidade é de 2,63/1000 (era 2,24 em 2007). Já na pós-neonatal, que também se manteve estável, é de 4,91/1000.

No indicador mortalidade neonatal precoce, Jacarezinho registra 15/1000 em 2006, 24,02/1000 em 2007 e 9,84/1000 em 2008. Ainda que tenha havido uma melhora significativa, a RA segue entre umas das mais precárias nesse indicador. Vigário Geral apresenta índice de 9,66/1000 em 2006, 8,11/1000 em 2007 e 8,47/1000 em 2008.

Uma das causas dessa taxa da mortalidade neonatal precoce – que devem ser investigadas pelas autoridades competentes – pode estar associada a deficiências no pré-natal. O Ministério da Saúde recomenda que a gestante faça pelo menos sete consultas médicas durante a gravidez. Nas RAs de Jacarezinho e Cidade de Deus, mais da metade das gestantes não fizeram o número ideal de consultas – respectivamente, 53,77% e 60,05%. Em Vigário Geral e no Alemão, o percentual de pré-natal insuficiente supera 40%.

A deficiência do pré-natal pode estar associada também ao nascimento de crianças abaixo do peso. O indicador baixo peso ao nascer varia de 9,53% (2006) a 9,97% (2007) e 9,80% (2008), apontando para uma estabilidade. As regiões mais precárias do ano de 2008 são Jacarezinho (11,15%), Ilha de Paquetá (11,43%), Copacabana (11,50%), Vila Isabel (11,68%), Cidade de Deus (11,94%), Maré (11,96%) e Centro (13,10%). Jacarezinho, que apareceu como uma das piores nos indicadores de mortalidade infantil, mortalidade neonatal precoce e pré-natal insuficiente, volta a aparecer com problemas no indicador de baixo peso ao nascer.

No município do Rio de Janeiro, o índice de mortalidade neonatal tardia varia de 1,23/1000 (2006) até 2,63/1000 (2008), que não chega a ser muito alto. Entre as regiões mais precárias no indicador de mortalidade pós-neonatal no ano de 2008 aparecem Maré, com 6,76/1000, e Cidade de Deus, com 10,96/1000.

Confira os indicadores

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