“Paulistano dá nota 2,8 ao trânsito” – O Estado de S.Paulo


População reprova lentidão e apresenta sugestões ao problema; cresce índice dos que usariam o transporte coletivo

Naiana Oscar

Nem a restrição aos caminhões nem os pacotes anticongestionamento adotados pela Prefeitura de São Paulo desde o início do ano fizeram o paulistano melhorar a avaliação do trânsito na capital. Uma pesquisa do Ibope, encomendada pelo Movimento Nossa São Paulo, revelou que, numa escala de zero a dez, o trânsito recebeu nota 2,8 – dois décimos a menos que a registrada em 2007.

No mesmo período, a pesquisa mostrou queda à rejeição dos moradores da capital ao uso dos transportes públicos. No ano passado, 21% dos entrevistados disseram que não usariam ônibus em hipótese nenhuma. Agora, o porcentual caiu para apenas 3%. No metrô, o recuo foi de 18% para 8% e na CPTM, de 19% para 11%.

"Isso é um sinal de que estamos perto da saturação", diz Horácio Figueira, consultor de trânsito e presidente da Associação Brasileira de Pedestres. "As pessoas estão demorando o mesmo tempo para fazer o trajeto de ônibus ou de carro." A pesquisa mostrou que o tempo do deslocamento do paulistano até o trabalho ou até a escola aumentou de uma hora e quarenta minutos para duas horas, no mesmo período.

No levantamento, os entrevistados também tiveram oportunidade de indicar soluções para o caos no trânsito. As mais cotadas foram a construção de corredores de ônibus, a ampliação das linhas de metrô e o aumento na frota de coletivos. Entre os especialistas, há os que apóiam e os que discordam das sugestões da população.

Para o consultor e especialista em inteligência estratégica Jorge Hori, todas essas medidas são "ilusórias" e não vão resolver o problema do trânsito na cidade. Segundo ele, os congestionamentos só vão diminuir quando as pessoas tiverem de se deslocar menos, morando mais perto do trabalho, por exemplo. "O aumento da frota de veículos é uma conseqüência da desordem no deslocamento e não uma causa."

Figueira coloca-se como um defensor das pistas exclusivas para ônibus. Ele só mudaria um detalhe na sugestão dos paulistanos. Em vez de construir corredores, o poder público deveria investir em faixas para ônibus – "custam menos e são criadas com mais facilidade". "A sociedade sabe o que precisa mudar, tanto que priorizou os corredores e não o aumento da frota de ônibus", disse.

O estudo foi apresentado ontem, no Dia Mundial Sem Carro, aos candidatos à Prefeitura. O Ibope ouviu 805 pessoas, com mais de 16 anos, entre 5 e 11 de setembro. Segundo a diretora-executiva do instituto, Márcia Cavallari Nunes, a proximidade das eleições pode ter influenciado as respostas. "Ano passado, os problemas não estavam sendo discutidos com tanta freqüência." A pesquisa tratou de temas como locomoção e poluição. A melhor avaliação foi para qualidade de vida: 5,4.

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Veja a apresentação resumida da pesquisa

 

 

 

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