Setores público e privado assumem compromisso de reduzir diferenças no mercado de trabalho

 

Empresas e os governos federal e estadual assinaram um compromisso para reduzir as desigualdades sociais no ambiente de trabalho. O evento de lançamento do documento, realizado pela Secretaria Especial dos Direitos Humanos (SEDH) e Instituto Ethos, contou com a participação de nomes de peso da política e da economia no País. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o governador José Serra estavam presentes e firmaram o compromisso juntamente com 13 organizações: BNDES, Bovespa, Banco Real, Itaú, Petrobras, Alcoa, Telefônica, Wal-Malt, HSBC, Magazine Luiza, Caixa Econômica Federal, HP Brasil e Du Pont. Governos e organizações se comprometeram a traçar um plano de longo prazo com ações práticas em quatro aspectos:

– raça: planejar políticas de contratação de negros e pessoas de outras etnias;

– gênero: identificar as diferenças salariais entre homens e mulheres com cargos e funções semelhantes e reduzir a dupla jornada feminina;

– portadores de deficiência: cumprimento da lei de cotas – 2% a 5% das vagas devem ser ocupadas por deficientes;

– aprendizes: empresas devem cumprir a Lei do Aprendiz, que regulariza a contratação de jovens com horas adicionais de treinamento específico para a função.

A expectativa é que a carta compromisso possa mudar o comportamento das empresas  observado pelas pesquisas do Instituto Ethos. A última, realizada pelo Ibope e divulgada em dezembro de 2007, aborda a evolução do quadro funcional das 500 maiores empresas do País nos últimos sete anos. Conforme a pesquisa, apenas 11% dos cargos executivos são ocupados por mulheres, 3,5% por negros e 0,3% dos deficientes ocupam cargos de supervisão. “Se não houver vontade política e estratégias deliberadas para enfrentar a situação, dificilmente promoveremos mudanças no perfil funcional”, afirma Ricardo Young, presidente do Instituto Ethos.

Exploração sexual – José Serra, governador do Estado de São Paulo, enfatizou a importância de medidas no combate a exploração sexual infantil como, por exemplo, o envolvimento dos setores de transporte e cargas nas políticas sociais públicas e privadas. “As associações de empresários, a meu ver, podem e devem capacitar seus membros e empregados em relação à formação de seus profissionais a respeito da diversidade”, sugeriu ele.

Já o presidente Lula propôs um desafio: que daqui a quinze ou vinte anos, o Brasil já seja mais igual e não apresente um indicador tão vergonhoso como o de apenas uma em cada quatro mulheres negras ter emprego com carteira assinada. E deixou um recado para os presidentes das empresas presentes no evento: “Movimentos sociais, intelectuais, cientistas, artistas, empresários e toda a cadeia produtiva, todos precisam estar engajados para vencer o desafio da promoção e do exercício pleno dos direitos humanos no Brasil”.


 

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