“Favela cresce e ocupa área de 4 cidades” – Folha de S.Paulo

 

Vila Nova Esperança, com 450 famílias, é um exemplo da expansão desse tipo de moradia para as fronteiras de SP

Operações urbanas também ajudam a tirar moradias precárias de regiões mais bem estruturadas da capital

DE SÃO PAULO

A Vila Nova Esperança é um bom exemplo das favelas conurbadas na metrópole: metade em São Paulo, metade em Taboão e na fronteira com Osasco e Cotia.

O núcleo, hoje com 450 famílias, surgiu nos anos 1970, como uma pequena ocupação, mas cresceu atraindo gente das áreas centrais sem casa e dinheiro.

Sem água encanada, energia elétrica e esgoto, a favela só não virou "terra de ninguém" porque quem vive ali assumiu a gestão, diz Maria de Lourdes Andrade de Souza, a Lia, líder dos moradores, há sete anos na favela.

Com as prefeituras de São Paulo e Taboão os moradores não conseguem muita coisa porque a ocupação é alvo de ação do Ministério Público, que afirma que ela afeta o parque Tizzo, área protegida.

"A vila parece que é veneno para a mata, mas os condomínios de luxo devem ser vitamina", diz Lia, se referindo aos condomínios existentes, em planejamento ou em construção nas imediações.

Além da expansão imobiliária motivada pelo bom momento da economia, o fim das favelas em regiões mais estruturadas cresce também com as operações urbanas -ações da prefeitura para requalificar áreas da cidade.

Só a Operação Urbana Água Espraiada vai remover 16 favelas da região da avenida Jornalista Roberto Marinho -10 mil pessoas. O município oferece indenização ou uma bolsa-aluguel enquanto não houver moradia.

Para Jupira Cauhy, que liderou movimento contra a remoção na favela do Sapo, na Barra Funda, os valores são baixos. "Com R$ 300 mensais não dá para alugar nada. Muitas famílias tiveram que ir para muito longe."

Na última década, a capital ganhou 62 favelas, sendo 39 delas nos extremos sul e leste da cidade, as regiões socialmente mais vulneráveis. O recorde foi na década de 1970, quando surgiram 558.

Há 389,6 mil moradores de favelas. Cinco distritos da zona sul lideram o ranking, com quase metade dessa população (177,2 mil).

A prefeitura promove intervenções hoje em 54 dessas áreas (82,8 mil pessoas) por meio do seu principal projeto, o Programa de Urbanização de Favelas. Já o Programa Mananciais, em parceira com o Estado, urbaniza outras 81, com 61 mil famílias.

A meta é transformar favelas e loteamentos irregulares em bairros, com ruas asfaltadas, saneamento básico, iluminação e serviços públicos.

No caso de áreas de risco, o Programa Mananciais prevê também a remoção e o reassentamento de famílias. Às subprefeituras cabe o monitoramento das áreas para evitar novas ocupações.

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