Edição extraordinária do Mapa da Desigualdade indica CEP como fator de risco na pandemia

Dados serão lançados em série de três indicadores, sempre relacionando os dados aos impactos do coronavírus em cada distrito da cidade

Durante a pandemia da Covid-19, uma série de indicadores, que ajudam a compreender a relação entre a disseminação da doença e as desigualdades sócio-territoriais na capital paulista, vem sendo apresentada pela Rede Nossa São Paulo.

Agora, os mapas resultam do cruzamento dos dados, por distrito, do Mapa da Desigualdade 2019, sobre a idade média ao morrer; população negra; e porcentagem de domicílios em favelas com o número de óbitos por Covid-19, divulgados pela Prefeitura Municipal e o Ministério da Saúde. O objetivo é identificar se os piores indicadores de qualidade de vida ou de maiores vulnerabilidades sociais são também os distritos que apresentam os maiores números de falecimentos pela doença.

Idade média ao morrer

Os dois distritos com maior idade média ao morrer registram número baixo de óbitos por Covid-19: Moema (81 anos) e Jardim Paulista (80 anos), com 130 dos falecimentos. Enquanto isso, dos três distritos com menor idade média ao morrer, dois mantêm número alto de falecimentos pela doença, Grajaú (59 anos) e Cidade Tiradentes (57 anos), com 460 mortes — isso significa 3,5 vezes mais óbitos que os dois distritos com maior idade média ao morrer.

Há evidências de que o impacto da pandemia se relaciona com as vulnerabilidades e desigualdades territoriais e que a qualidade de vida e longevidade são aspectos que podem influenciar esses números. Os distritos onde as pessoas vivem mais tempo, são os que têm melhores condições de vida e onde as mortes por Covid-19 estão crescendo pouco. Na outra ponta, nos distritos onde as pessoas vivem menos tempo, encontra-se também piores condições de vida e é onde as mortes por coronavírus estão crescendo consideravelmente desde o começo da pandemia.

População negra

Os dois distritos com maior proporção de população negra entre seus habitantes, Jardim ngela (60%) e Grajaú (57%), apresentam alto número de óbitos por Covid-19, com 507 mortes. Em contraponto, os dois distritos com menor proporção de população negra entre seus habitantes, Alto de Pinheiros (8%) e Moema (6%), registram baixo número de falecimentos por Covid-19, com 110 mortes.

Apesar dos dados desagregados de óbitos da população negra ainda não serem divulgados, é possível compreender com graus de associação relevante, de que, os falecimentos de Covid-19 afetam mais a população negra, já que os distritos que representam os maiores números de mortes também são os que concentram a maioria da população negra, e na mesma linha, os distritos com os menores números de óbitos pela pandemia são também os que concentram números muito reduzidos de residentes pretos e pardos.

Domicílios em favelas

Os 11 distritos que não reúnem domicílios em favelas, de acordo com dados oficiais, têm baixo número de óbitos por Covid-19, em comparação com a média da cidade. São eles: Alto de Pinheiros, Bela Vista, Brás, Cambuci, Consolação, Jardim Paulista, Moema, Perdizes, República, Santa Cecília e Sé.

Os dois distritos que têm mais falecimentos por Covid-19 têm o percentual de domicílios em favelas 3 vezes maior que a média da cidade. Brasilândia e Sacomã têm 30% e 28% de seus domicílios em favelas. Juntos, concentram mais de 500 mortes.

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