“Mudança na inspeção é criticada na Câmara” – Folha de S.Paulo

Para especialistas, alterações no programa representam ‘atraso’

Base de apoio da gestão Fernando Haddad vai apresentar nova versão da proposta para ser votada hoje

EDUARDO GERAQUE GIBA BERGAMIM JR.
DE SÃO PAULO

Especialistas em inspeção veicular reunidos ontem na Câmara Municipal, em audiência pública, criticaram o projeto de lei sobre o assunto que tramita no Legislativo, classificando a iniciativa do prefeito Fernando Haddad (PT) como "atraso".

Para eles, a promessa do prefeito de retirar a exclusividade da vistoria de uma empresa (hoje, a Controlar) e descentralizar o serviço pode pode comprometer o ganho ambiental e favorecer a corrução.

Haddad também quer a devolução e, posteriormente, a extinção da taxa cobrada; e a flexibilização na periodicidade do teste, que poderia deixar de ser anual.

"Se aprovado, São Paulo estará na vanguarda do atraso", disse, na audiência pública, o engenheiro Cláudio Dall’Acqua, coordenador de projetos da Fundação para o Desenvolvimento Tecnológico da Engenharia, ligada à Escola Politécnica da USP.

Pesquisador do laboratório de poluição atmosférica da USP, e apoiador do programa na gestão Kassab (PSD), Paulo Saldiva também é contra. "É difícil medir os efeitos da inspeção na melhoria da qualidade do ar. Mas ela tem ajudado a não piorar."

Sergio Leitão, da ONG Greenpeace, e Carlos Lavaca, da Cetesb, agência ambiental paulista, também preferem a inspeção da forma como ela está sendo feita hoje.

Os dois também estiveram na audiência pública, na qual um manifestante da Greenpeace abriu uma faixa com crítica à mudança na inspeção.

MUDANÇAS

O texto rachou a própria base governista na Câmara, que apresentará um novo projeto para ser votado na sessão de hoje com mudanças em relação à versão inicial.

O conteúdo do projeto preparado por vereadores petistas, e que deve substituir o enviado pelo Executivo, não foi revelado. O líder do governo, vereador Arselino Tatto (PT), passou a tarde de ontem articulando mudanças no projeto e buscando apoio.

Políticos do PPS, PV, PSD e PSDB, contrários ao projeto original, também apresentaram novas propostas.

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