“SP adotará padrão mais rígido para qualidade do ar” – Folha de S.Paulo

 

Classificação usada no Estado, criada em 1990, foi alterada pela OMS em 2005

Proposta de grupo de estudos coordenado pelo governo terá de ser ratificada por órgãos estaduais

EDUARDO GERAQUE
CRISTINA MORENO DE CASTRO
DE SÃO PAULO

O Estado de São Paulo adotará uma classificação mais rígida para a qualidade de seu ar, adequando-se aos padrões definidos pela OMS (Organização Mundial da Saúde) em 2005.

Pelos parâmetros mais frouxos de hoje, que foram estabelecidos em 1990, o ar é frequentemente tido como "regular" (prejudicial a doentes crônicos e crianças), quando deveria ser "inadequado" (nocivo a todos).

Com a revisão do padrão atual, pessoas com doenças cardíacas e respiratórias serão mais bem alertadas do risco a que estão expostas e poderão se preparar para um dia crítico de poluição.

Além disso, as informações mais precisas poderão pautar melhor as discussões sobre poluição, as medidas do poder público na área etc.

Um grupo de estudo liderado pelo governo já definiu como ficará a nova classificação e, para que ela seja colocada em prática, falta a ratificação de órgãos do próprio governo, que tiveram representantes nas reuniões.

Grupos de interesses privados, como a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), também participaram.

Hoje, o relatório deverá ser votado pelo Consema (Conselho Estadual de Meio Ambiente), órgão estadual.

São Paulo deverá ser, então, o primeiro Estado do país a deixar de ter um padrão frouxo e corrigir a defasagem sobre o definido pela OMS, adotado na Europa, nos EUA e no México, por exemplo.

POEIRA

As mudanças atingem a classificação de nível de substâncias como ozônio e fumaça. A poeira fina (partículas liberadas, por exemplo, por escapamentos, que causam entupimento no pulmão) é a que melhor exemplifica a mudança.

Pela classificação atual, apenas por duas vezes a poeira tornou o ar "inadequado" em 2008, ano usado no estudo. Pelos novos padrões, seriam 1.265 vezes como "inadequado" nas 26 estações medidoras da região.

Depois de o relatório ser aprovado, faltará ainda ao Poder Executivo determinar a implementação de todas as mudanças, que deve ser feita de forma gradual.

Ainda não há prazos.

Especialistas ouvidos pela Folha consideram um avanço a atualização da classificação. O desafio, dizem, será responder ao alerta mais rigoroso com políticas públicas que melhorem o ar que a cidade respira.

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