São Paulo terá padrões mais rígidos de classificação da qualidade do ar

 

Relatório, que propõe a adoção dos parâmetros definidos pela OMS em três etapas, será submetido ao Conselho Estadual do Meio Ambiente. Sociedade civil havia defendido a medida em abaixo-assinado

Airton Goes airton@isps.org.br

A classificação da qualidade do ar no Estado de São Paulo terá padrões mais rígidos do que os utilizados hoje pela Cetesb. É isto o que prevê o relatório elaborado por um grupo interdisciplinar – que incluiu representantes das secretarias estaduais da Saúde e do Meio Ambiente, da FIESP e da Faculdade de Saúde Pública da USP, entre outros – a ser submetido ao Conselho Estadual do Meio Ambiente (Consema) nesta quinta-feira (27/1).

Concluído no final do ano passado, o estudo propõe que São Paulo adote os padrões definidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para a classificação da qualidade do ar em três etapas consecutivas. A primeira delas começaria este ano.

A adoção dos parâmetros da OMS havia sido reivindicada pela sociedade civil em setembro do ano passado, quando a Rede Nossa São Paulo organizou um abaixo-assinado defendendo a medida. O documento, que recebeu a adesão de aproximadamente 1.500 organizações e cidadãos, foi entregue ao presidente da Cetesb, Fernando Rei, no Dia Mundial Sem Carro (22 de setembro).

Na ocasião, o presidente da Cetesb informou a existência do grupo interdisciplinar que iria elaborar o relatório e afirmou que ainda em 2010 seria iniciada a primeira etapa para que a empresa viesse a adotar parâmetros mais rígidos de classificação da qualidade do ar. “O primeiro passo seria dado este ano e em três anos deve haver a adoção dos padrões da OMS”, declarou ele, então.

Para o pesquisador do Laboratório de Poluição Atmosférica da USP, Paulo Saldiva – que também assinou o abaixo-assinado –, o maior benefício da mudança dos parâmetros de classificação da qualidade do ar será provocar mudança na atitude de pessoas que acham que nada precisa ser feito. “Devido aos padrões mais frouxos, estas pessoas que estão naquilo que chamo de ‘zona de conforto ambiental’ dizem que o ar está bom. Mas, na verdade, não está bom, pois tem gente adoecendo e com expectativa de vida menor por causa da poluição do ar.”

O especialista lembra que a qualidade do ar piorou em São Paulo nos últimos dois anos. “Nós tínhamos melhorado muito até 2005 e 2006. Estacionamos entre esse período e 2008. E voltamos a piorar em 2009 e 2010”, detalha Saldiva, que defende a melhora da qualidade do diesel e mudanças na forma de locomoção na cidade, como medidas para reduzir a poluição do ar. “Esse princípio [que prevaleceu nos últimos anos], de deixar aumentar a frota [de veículos] e melhorar a qualidade dos motores, chegou ao limite”, avalia.

Com a mudança dos parâmetros, muitas das medições feitas pelas estações da Cetesb que atualmente classificam a qualidade do ar como “regular” (prejudicial a doentes crônicos e crianças) poderão passar para “inadequado” (nocivo a todos) e assim por diante.

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