“Casas desabam em área de risco conhecida” – Folha de S.Paulo

 

Prefeitura sabe que terreno é suscetível a deslizamentos há pelo menos 8 anos; imóveis foram esvaziados antes de ruir

Administração diz que já havia pedido saída dos moradores da área; 30 famílias tiveram de ser retiradas da encosta

DE SÃO PAULO

Numa encosta de mo´rro mapeada pela prefeitura desde o ano passado como área de risco, moradores do Jardim Maringá, na zona leste da cidade, viram ontem suas casas desabarem.

Não houve feridos. Como ouviram estalos e perceberam as paredes racharem no fim da manhã, os próprios moradores retiraram a vizinhança e avisaram as autoridades sobre as fissuras.

À tarde, já na rua, isolados pela Defesa Civil, os moradores viram as casas ruírem, no que descreveram como um efeito em cascata, do alto do morro à rua abaixo.

Em cada imóvel vivia mais de uma família. Ao todo, dez casas desabaram, outras dez tiveram a estrutura comprometida e mais 45 foram isoladas por risco.

Trinta famílias foram retiradas da encosta -29 foram alojadas em casas de parentes e uma foi removida para um albergue da prefeitura.

"Foi cena de cinema. Parecia um terremoto, uma casa desabando sobre a outra, num efeito dominó", disse a diarista Rosângela Rodrigues de Oliveira, que vivia no local desde 1997.

ÁREA MAPEADA

Segundo o subprefeito da Penha, Cássio Loschiavo, todas as casas são irregulares e a encosta, que deveria ser uma área verde de preservação, foi invadida há 20 anos.

"Não temos orçamento para tratar de todas as áreas de risco. Isso acontece todo dia, as pessoas ligam para reportar trinca. Quando sanarmos os riscos, os moradores vão voltar, mas as outras casas vão ser demolidas", disse.

A prefeitura conhecia pelo menos desde 2009 o alto risco de desabamento. O mapa da Secretaria da Habitação que registra locais críticos identifica com precisão a área do Jardim Maringá.

De acordo com a prefeitura, as primeiras notificações para os moradores saírem da área ocorreram há oito anos.

As causas do desabamento serão investigadas. A suspeita é que ele tenha sido provocado por um deslizamento do solo.

(VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO e EDUARDO GERAQUE)

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