“Desabrigados do Jardim Pantanal só terão casa em 2011” – Folha de S.Paulo

 

Prefeito Gilberto Kassab entregou ontem termo de cessão dos imóveis aos moradores

EDUARDO GERAQUE
DE SÃO PAULO

Tanto as famílias que saíram do Jardim Pantanal e do Jardim Romano, na zona leste da capital, quanto as que resistem no local ainda sofrem as consequências da grande inundação do final do ano passado.

Ontem, a prefeitura entregou 1.070 termos definitivos dos apartamentos para moradores que saíram da área de risco após o último verão. Desabrigados, eles foram para outros bairros.

Os novos apartamentos, entretanto, ficarão prontos apenas em abril de 2011. Os últimos contemplados, alguns por decisão própria, vão entrar nos novos condomínios em abril de 2012.

Os desalojados pelas cheias estão recebendo a bolsa-aluguel. No novo lar, vão pagar prestação, de 10% da renda familiar, e condomínio, por volta de R$ 70,00.

"É importante frisar que a ocupação da região ocorreu de forma ilegal", disse o prefeito Gilberto Kassab (DEM), na cerimônia de entrega dos documentos ontem na prefeitura. "As chuvas são da natureza, mas as consequências delas são de responsabilidade da ação humana", frisou o governador Alberto Goldman (PSDB), também presente ao evento.

Longe da prefeitura, no Jardim Romano, moradores de áreas próximas do dique, construído pela prefeitura neste ano para barrar as águas de verão que fazem subir o rio Tietê, também estão vivendo dias de incerteza.

"A nossa escolha é por ficar aqui", afirma Luiz Eduardo Marques, morador há dez anos do Jardim Romano. "Pagamos imposto e temos escritura do imóvel. Não somos ilegais", afirma.

Segundo Marques, se for preciso sair, que seja "por preço justo pela nossa casa". Quem morava em área ilegal, diz o morador, acabou saindo em situação melhor.

Segundo Marques, há três meses, algumas casas da rua onde ele mora foram avaliadas em mais de R$ 170 mil. "São 13 cômodos de quatro por quatro metros", ressalta.

Porém, comunicados oficiais dão conta que a estratégia do poder público será via Justiça. "Eles não querem negociar. Vão colocar no juiz, para desapropriar. Não será pago o preço de mercado".

Compartilhe este artigo