“Samu terá a ajuda de ‘motolâncias'” – O Estado de S.Paulo

 

Lígia Formenti, Rodrigo Brancatelli e Tiago Décimo

O caos no trânsito das grandes cidades obrigou até mesmo os serviços de atendimento de saúde de emergência a se adaptarem. A partir de agosto, 400 motocicletas serão distribuídas para auxiliar o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Batizadas de “motolâncias”, as motos com 250 cilindradas serão dirigidas por auxiliares de enfermagem, treinados para dar atendimento rápido até a equipe completa do Samu chegar com a ambulância. Um serviço que, na avaliação de especialistas, é imprescindível em locais onde a espera no trânsito é grande. “Uma licitação para compra já foi providenciada”, afirmou o coordenador do Samu, Cloer Alves.

Pelo calendário, as primeiras motos serão distribuídas a partir de agosto. A inclusão dos veículos na equipe de resgate foi anunciada pelo ministro da Saúde, José Gomes Temporão, e integra uma série de mudanças no Samu, o serviço de urgência criado pelo Ministério da Saúde em 2003 que conta com aproximadamente 23 mil profissionais. O ministro anunciou também a criação de uma força de profissionais para atender a acidentes com múltiplas vítimas – um risco em locais como refinarias, represas e rodovias.

Apesar do anúncio do Ministério da Saúde, as secretarias estaduais e municipais ainda não têm mais detalhes do projeto das “motolâncias”. Em São Paulo, talvez o exemplo mais crítico da disputa injusta entre médicos e trânsito, a Secretaria Municipal da Saúde ainda não sabe quantas motos vai receber nem quando elas irão de fato chegar. Mas o coordenador de Regulação Médica do Samu de São Paulo, Domingos Guilherme Napoli, já avisou que irá pedir 20 motocicletas para ajudar as ambulâncias do serviço. “É simples, temos 20 ambulâncias equipadas com médicos, então precisamos de 20 motos para auxiliá-las e fazerem o pré-atendimento”, diz Napoli, que está participando do congresso do Ministério da Saúde em Brasília. “Essa é a nossa intenção, mas ainda não há um número concreto.

EXPERIÊNCIA

Em Salvador, na Bahia, cinco motos são usadas pelo Samu desde 2005, para tornar mais ágil o atendimento. “Nossos focos são os acidentes automobilísticos e as vítimas de patologias cardíacas, que precisam ser socorridos mais rapidamente”, diz o coordenador do Samu na capital baiana, Jorge Serra. “Os técnicos chegam ao local, fazem a leitura dos sinais vitais, aplicam os primeiros socorros, se necessário, e avisam aos médicos da ambulância a situação das vítimas, para que eles, ao chegarem ao local, já tenham as informações de que tipo de medicamento ou aparelho vão precisar.”

De acordo com ele, o motociclista chega, em média, na metade do tempo que a ambulância ao local onde está a vítima. “É a diferença entre a vida e a morte”, confirma o técnico em enfermagem Adaílton Cássio Rocha, de 31 anos. “Atendo de cinco a dez chamados por turno e acho que já salvei muita gente.”

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