“Selo verde” chega a produtos de consumo

 

Fonte: O Estado de S.Paulo


Certificação FSC, de boas práticas florestais, já está presente em livros, embalagens e materiais de escritório

Andrea Vialli

A certificação FSC, selo internacional que reconhece o uso correto das florestas para fins comerciais, começa a chegar aos produtos de consumo. Antes restrito a produtos de madeira, como móveis e painéis para construção civil, hoje o selo já pode ser encontrado em artigos tão diversos quanto livros, papéis para impressão, lápis, talheres, embalagens e até em panfletos de ofertas de supermercado.

Isso se tornou possível porque mais empresas estão buscando a certificação da chamada ”cadeia de custódia”. Uma empresa pode ostentar o selo verde na embalagem se tanto a gráfica em que a embalagem foi impressa quanto a papeleira que a produziu tiverem a certificação. O selo verde FSC – sigla em inglês para Conselho de Manejo Florestal, organismo internacional que atesta que a retirada da madeira foi feita de modo não-predatório – só é concedido após uma auditoria que inclui aspectos sociais e ambientais.

Atualmente em todo o País existem 207 empresas com a certificação para a cadeia de custódia – há três anos, eram 105. Em tempos de preocupação com o desmatamento, o selo verde funciona como ferramenta de marketing. ”Aos poucos, a preocupação com a origem do papel e de outros produtos florestais está chegando ao consumidor brasileiro”, diz Ana Yang, secretária executiva do FSC Brasil.

A gráfica gaúcha Box Print, especializada em embalagens, foi a primeira da América Latina a obter o selo, no início do ano passado. Isso possibilitou que clientes como as indústrias Natura e Tramontina e as redes de comida rápida China In Box e Spoleto passassem a exibir o selo verde nas embalagens.

O benefício da certificação para as gráficas, segundo Raul Capposi, gerente de vendas da Box Print, é o acesso a novos mercados. ”É uma tendência forte, especialmente no mercado internacional, onde esse tipo de certificação é mais comum e, em alguns casos, uma exigência dos consumidores. O selo verde trouxe, sim, novos negócios.”

Da mesma forma, muitas editoras passaram a ostentar o selo verde em livros. Autores como o português José Saramago e a inglesa J.K. Rowling, autora da saga Harry Potter, passaram a exigir que seus livros fossem impressos em papéis ecologicamente corretos.

A rede varejista Wal-Mart também aposta na tendência, e já traz o selo nas embalagens de produtos de sua marca própria, como cereais e ovos de páscoa, e também nos tablóides que anunciam ofertas aos clientes. ”Serão 3,4 milhões de exemplares impressos a cada 15 dias com o selo verde. A idéia é explicar o conceito ao consumidor” explica Rita Oliveira, gerente de produtos sustentáveis do Wal-Mart. Em breve, mais linhas de produtos das marcas próprias também deverão ostentar o selo.

A fabricante de material escolar e de escritório Faber-Castell foi uma das primeiras empresas de produtos de consumo a receber a certificação no Brasil, em 1999. A empresa tem 9,6 mil hectares de florestas certificadas em Minas Gerais, e hoje exibe o selo na linha de produtos batizada de Ecolápis.

Segundo Jairo Cantarelli, gerente da divisão de madeiras da Faber-Castell, a grande procura pela certificação ainda não vem do consumidor – o forte é a chamada linha institucional, que contempla os brindes corporativos (lápis e outros produtos de escritório que recebem a marca das empresas).

Outro nicho que se abre é o de lápis para uso cosmético (delineadores de olhos e boca) certificados: a Faber-Castell está em fase final de negociação com uma multinacional do setor para fornecer esse produto. ”Isso deve trazer outros clientes do setor de cosméticos”, diz.

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