Enchentes dominam debates na primeira sessão do ano na Câmara Municipal


Vereadores da oposição criticam gestões de Kassab e Serra. Aliados do prefeito dizem que o problema também atinge cidades governadas pelo PT.

As enchentes que têm castigado a cidade de São Paulo desde dezembro foram o principal tema de debate na primeira sessão legislativa de 2010 da Câmara Municipal, ocorrida nesta terça-feira (2/2). Diversos vereadores da aposição foram à tribuna criticar as administrações municipal e estadual, responsabilizando-as por parte dos problemas enfrentados pelos paulistanos. Os parlamentares da base aliada do prefeito, por outro lado, argumentaram que o volume de chuvas é um dos maiores da história e que outras cidades do país, incluindo as administradas pelo PT também passam por situações semelhantes.

“O prefeito [Gilberto Kassab] e o governador [José Serra] não cuidaram das áreas de risco desta cidade, mas todos os moradores estão recebendo seus carnes do IPTU”, afirmou o vereador João Antonio, líder do PT na Casa, relacionando as enchentes com o aumento do imposto para os imóveis residenciais e comerciais aprovado no final do ano passado. 

João Antonio cobrou de Serra o aprofundamento da calha do Rio Tietê e de Kassab a construção de mais piscinões. “O rio já está novamente assoreado e durante a atual gestão municipal foi construído apenas um piscinão.” Segundo o parlamentar, na administração da ex-prefeita Marta Suplicy o município teria construído oito destes equipamentos para conter as enchentes.

Um dos vereadores da base aliada que rebateu as críticas da oposição foi Gilberto Natalini (PSDB). Segundo ele, o aumento das enchentes está relacionado com a mudança climática pela qual está passado o planeta e, portanto, não é um problema só da capital paulista. “Esse assunto [as enchentes] está na pauta do mundo. É um tema de São Paulo, de São Bernardo, de Diadema, do Rio de Janeiro, de Belo Horizonte…”

Natalini lembrou que diversas cidades administradas pelo PT também enfrentam inundações e estendeu a responsabilidade de solucionar a situação para o governo federal. “Se o governador Serra tem responsabilidade com os problemas causados pelas enchentes, o presidente Lula também tem”, argumentou.

Além de discutir as responsabilidades pelas enchentes em São Paulo, os vereadores começaram a articular a composição dos nomes que integrarão as nove comissões existentes na Câmara. Somente após esta definição, o que deve ocorrer nos próximos dias, é que a Casa passará a discutir os projetos de lei que ficaram pendentes do final do ano passado. A expectativa é que as votações em plenário só ocorram após o carnaval. 

Causas e soluções para as enchentes serão tema de encontro com especialistas
 
Durante a sessão, o vereador Jamil Murad (PCdoB) informou que promoverá, em conjunto com seu colega de partido Netinho de Paula, um debate sobre as enchentes em São Paulo, visando entender suas causas e possíveis soluções. Entre os debatedores convidados para o evento, marcado para o dia 10 de fevereiro, estão Murilo Celso de Campos Pinheiro, presidente do Sindicato dos Engenheiros de São Paulo, e Delmar Mattes, geólogo e mestre em arquitetura e urbanismo da USP.

“Achamos que o problema das enchentes, que é tão grave para os moradores da cidade, está sendo tratado de uma forma muito superficial pelos governos municipal e estadual, que dizem apenas que está chovendo muito”, avalia Jamil Murad, que complementa: “Por isso, procuramos trazer técnicos para fazer este debate”.

Serviço:
Debate sobre enchente: Causas e Soluções
Dia: 10 de fevereiro de 2010
Horário: às 9 horas
Local: Auditório Prestes Maia (1º andar da Câmara Municipal)
Debatedores:
Odete Seabra, mestra do Departamento de Geografia da USP
Murilo Celso de Campos Pinheiro, presidente do Sindicato dos Engenheiros de São Paulo
Sérgio Gonçalves, da Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental (Ministério das Cidades)
Delmar Mattes, geólogo e mestre em arquitetura e urbanismo da USP

REPORTAGEM: AIRTON GOES airton@isps.org.br

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