Capela do Socorro e Cidade Ademar têm as menores notas em qualidade de vida

 

Índice de satisfação geral dos moradores das duas subprefeituras localizadas na periferia de São Paulo ficou em 4,5. A melhor nota média do IRBEM, de 6,2, foi atribuída pelos habitantes de Pinheiros

Airton Goes airton@isps.org.br

Os moradores das subprefeituras da Capela do Socorro e da Cidade Ademar são os mais insatisfeitos com a qualidade de vida em São Paulo. Segundo a pesquisa de percepção dos paulistanos sobre os Indicadores de Referência de Bem-Estar no Município – IRBEM, divulgada na semana passada pela Rede Nossa São Paulo, os habitantes das duas regiões situadas na periferia da zona sul da capital paulista deram nota 4,5 para o item.

Por outro lado, os moradores de Pinheiros foram os que atribuíram a nota mais alta para o índice de satisfação geral com a qualidade de vida em São Paulo, 6,2. A nota média de toda a cidade foi 5,0.

Além da nota que atribuem para a qualidade de vida na cidade, muitas outras diferenças separam Pinheiros da Cidade Ademar e da Capela do Socorro. A primeira está entre as subprefeituras com os melhores indicadores sociais e econômicos da metrópole. As outras duas apresentam realidade oposta.

O número de leitos hospitalares por mil habitantes, por exemplo, é 25 vezes maior em Pinheiros do que na Capela do Socorro. Já a taxa de homicídios em Pinheiros é quase sete vezes menor do que na Cidade Ademar.

Para Vania Araújo Correia, integrante da Pastoral da Juventude e do Fórum Social da Cidade Ademar e Pedreira, um dos problemas que deve ter influenciado a avaliação dos moradores da região sobre a qualidade de vida em São Paulo é a mobilidade urbana. “Como grande parte da população local não trabalha na região, as pessoas precisam de um transporte coletivo de qualidade, o que não existe.”

Vania cita, ainda, outros serviços públicos que a população local tem dificuldade para utilizar, entre os quais os de saúde, cultura, esporte e lazer. “Todos esses problemas refletem na percepção das pessoas [sobre a qualidade de vida]”, opina ela.

Questionada sobre o que o poder público pode fazer para que a nota dada pelos habitantes da Cidade Ademar seja maior em futuras pesquisas do IRBEM, a moradora da região resume: “Garantir o acesso da população aos serviços básicos, como saúde, cultura, educação e transporte público de qualidade, e gerir o orçamento da cidade com mais justiça”.

O transporte público também é uma das principais razões para que os moradores da Capela do Socorro atribuam nota baixa para a qualidade de vida. Essa é a avaliação de Flavio Munhoz, integrante da ONG Comunidade Cidadão e morador da região. Ele aponta também os problemas relacionados ao atendimento à saúde e moradia como fatores de insatisfação da população local. “Os serviços públicos são muito ruins na região, mas eu destacaria estes três [transporte, saúde e moradia] como os que mais afetam as pessoas.”

Na opinião de Munhoz, a primeira coisa que o poder público deveria fazer para melhorar a qualidade vida na Capela do Socorro é ouvir a população. “Há muito tempo as pessoas reclamam dos mesmos problemas e, se fossem ouvidas, os poucos investimentos feitos na região seriam destinados para resolver estes casos mais graves”, declara o militante social.

A pesquisa completa sobre a percepção dos paulistanos sobre a qualidade de vida na cidade está disponível no portal da Rede Nossa São Paulo.

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