92% dos paulistanos percebem piora na situação de fome e pobreza na cidade

A maioria dos entrevistados na pesquisa Viver em São Paulo: Assistência Social notaram aumento da população de rua na cidade, sendo o desemprego e os altos custos de vida apontados como as principais causas da crise social

A grande maioria dos paulistanos acredita que a população de rua cresceu no último ano e percebe uma piora na situação de fome e pobreza na cidade, segundo dados da pesquisa Viver em São Paulo: Assistência Social, realizada pela Rede Nossa São Paulo em parceria com o IPEC – Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica.

Do total de entrevistados, 88% afirmou perceber um aumento na população de rua no último ano, mas o percentual chega aos 96% entre moradores da região oeste. Na zona central a percepção também ganha destaque, sendo apontada por 94% da amostra.

De cada 10 paulistanos, 8 consideram que o crescimento da população que vive nas ruas se dá pelo aumento do desemprego ou perda de renda, enquanto 61% citam o aumento dos custos de vida e a consequente dificuldade de manter-se.

Confira a apresentação da pesquisa

Confira a pesquisa completa

Fome e pobreza na cidade

A percepção da população sobre a situação de fome e pobreza na cidade é marcante no resultado do levantamento, sendo mencionada pela quase totalidade das pessoas. 92% dos entrevistados afirmou perceber aumento desse contexto de vulnerabilidade em São Paulo. Para os entrevistados da Zona Oeste da cidade o problema foi apontado por 98%, quase a totalidade das pessoas.

Para 45% da amostra, o crescimento do número de pessoas pedindo esmola é o principal indicador dessa piora social, enquanto 39% citaram a presença de pessoas trabalhando em semáforas. O grande número de pessoas pedindo esmola é mais perceptível para a população das regiões oeste e central, com 62% das menções.

Crianças e famílias nas ruas

Dois terços dos paulistanos justificam o aumento da percepção em relação à população de rua em função de verem mais famílias em situação de rua, com destaque para as amostras de classe social A e B, onde o número chega a 71%. A percepção é geral entre todas as regiões da cidade.

Um terço dos entrevistados indicam terem percebido mais crianças e adolescentes nas ruas da cidade. A zona norte de São Paulo se destaca nesse ponto, com 41% dos entrevistados respondendo que perceberam aumento deste público nas ruas.

Saídas para a crise social

Desenvolver políticas públicas, oferecer cursos de capacitação profissional e a ampliação da rede de atendimento socioassistencial são as principais medidas apontadas na pesquisa como adequadas para combater o problema por parte da administração municipal, respectivamente apontados por 46%, 46% e 41% dos entrevistados.

Para melhorar a situação de fome e pobreza, as principais medidas a serem tomadas pelo poder público municipal foram apontadas como sendo a criação de políticas de garantia de emprego, com 63% das citações. 6 em cada 10 entrevistados citaram ainda a redução do valor das contas básicas para a população vulnerável, como água e luz.

A criação de políticas para garantia de empregos tem mais força para os paulistanos que vivem na Zona Oeste, com 76%. Na mesma região se destaca ainda a doação de cestas básicas, apontada por 33% das pessoas, 10 pontos percentuais acima da média da população em geral.

A pesquisa comprova que a população percebe a piora no contexto social da cidade e aponta fatores como o aumento do desemprego e o alto custo de vida para justificar o crescimento da população que vive nas ruas de São Paulo. O paulistano também percebe que não bastará o acolhimento imediato da população de rua, ou mesmo a assistência imediata. Para reverter o problema é importante desenvolver políticas públicas e pensar ações mais perenes para combater a desigualdade e a pobreza na cidade.

Participaram do debate de lançamento dos dados o Secretário Municipal de Assistência Social do município de São Paulo, Carlos Bezerra e Alderon Costa, membro da Associação Rede Rua co-fundador da revista Ocas, membro do Fórum da Cidade de Defesa da Pop Rua e atuante em várias articulações na defesa dos direitos humanos. A pesquisa Viver em São Paulo: Assistência Social, realizou 800 entrevistas com moradores da cidade de São Paulo com 16 anos ou mais.

Censo da população de rua da cidade de São Paulo

O último Censo da População em Situação de Rua foi lançado em janeiro de 2020 a partir de dados coletados em 2019 e identificou 24,3 mil pessoas sem teto na cidade de São Paulo. Antecipado de 2024, para quando estava previsto, o novo Censo está em produção e terá sua terceira e última etapa com início em janeiro do próximo ano. Em 2021, o Movimento Estadual da População em Situação de Rua de São Paulo estima que sejam mais de 66 mil pessoas em situação de rua na capital.

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