2º webinar do (Re)age SP aborda mobilidade, habitação e cultura

“Conviver e aproximar” foi tema do encontro virtual, no qual foram abordadas questões sobre mobilidade, habitação, cultura e espaços públicos

Neste dia 15 de outubro, aconteceu o segundo webinar promovido pelo projeto (Re)age SP – Virando o Jogo da Desigualdade, resultado da parceria entre a Rede Nossa São Paulo e a Fundação Tide Setúbal. Com o intuito de fomentar reflexões e promover diálogo entre diferentes atores da sociedade acerca de questões essenciais para combater as desigualdades na cidade, o encontro contou com a participação de especialistas de diferentes áreas.

Desta vez, as pautas abordadas eram relacionadas à mobilidade, habitação, cultura e espaços públicos, com o mote “conviver e aproximar – novos rumos para um São Paulo mais justa”. Tendo como ponto de partida as metas propostas pelo (Re)age SP, Benedito Roberto Barbosa, advogado de movimentos de moradia, Guilherme Varella, gestor cultural e pesquisador, José Police Neto, vereador pelo PSD de São Paulo, e Kelly Fernandes, arquiteta urbanista e analista do Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor), participaram do diálogo, que foi mediado pela coordenadora da Rede Nossa São Paulo, Carolina Guimarães.

As diferenças orçamentárias, de infraestrutura e de segurança foram algumas das questões apontadas pelos participantes, de acordo com diferentes perspectivas. Para Police Neto, é necessário que haja “métrica de regionalização do orçamento” para que as políticas públicas “sejam assertivas”. Ele entende que “a métrica vai permitir fazer ajustes no meio do caminho” e a falta dela “impede o investimento nas periferias”.

Kelly Fernandes reiterou e falou sobre a “necessidade de reduzir a distância não só física, mas também social”. A arquiteta e urbanista apontou como, principalmente nas regiões mais centrais, os espaços são “hostis para os corpos negros e periféricos”. Com foco na mobilidade urbana, trouxe pontos importantes sobre os longos trajetos diários das pessoas que moram nas periferias em direção ao centro e como isso causa “danos emocionais e psicológicos” pelo tempo gasto e pelas condições de transporte.

Já Benedito narrou o histórico de políticas habitacionais – e a falta destas – na cidade de São Paulo. Contou sobre inúmeros casos falta de regularização fundiária e apresentou números sobre a situação habitacional da cidade. Segundo o advogado, metade da moradia precária de todo o Brasil está em São Paulo – são mais de cinco mil núcleos de moradia precária na capital paulista.

O especialista também questionou “como se faz política habitacional” durante uma gestão que teve cinco secretários de habitação. A constante troca de gestores também foi citada pelo vereador Police Neto, que mencionou as inúmeras trocas de subprefeitos(as) e afirmou, ainda, que “os conselhos participativos foram destruídos nos últimos anos”. Para Kelly, a fiscalização da sociedade civil é importante também para o poder público.

Com um longo histórico na área cultural, Guilherme chamou a atenção para o fato da cultura raramente ser vista como um direito. “É importante que a gente faça a discussão da cultura nessa perspectiva urbana, também e especialmente, sob a perspectiva do direito à cultura, dos direitos culturais”, afirmou. Para ele, esse ponto é importante, pois os “direitos no campo da cultura são tidos como fundamentais porque também abrem portas para outros direitos”.

Para Guilherme, “quando você tem o seu senso de comunidade, senso de pertencimento a um espaço urbano você consegue enxergar os seus problemas e os problemas do meio em que você vive”.

Sobre o (Re)age SP

A Rede Nossa São Paulo e a Fundação Tide Setúbal lançaram um programa de metas inovador para a cidade de São Paulo, que parte da premissa de que as desigualdades representam os principais obstáculos para uma cidade mais justa. Dessa forma, estabelece 50 metas concretas para temas urgentes à população, baseadas em planos setoriais já existentes e aprovados, a serem cumpridas no longo prazo.

Ademais, o (Re)age SP está ancorado na Agenda 2030 da ONU (Organização das Nações Unidas), que prevê compromissos multissetoriais de desenvolvimento sustentável em nível global para a redução das desigualdades, conjuntamente ao enfrentamento às mudanças climáticas.

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