Cerca de 70% da população paulistana considera que a administração municipal faz pouco ou nada no combate à violência contra pessoas LGBTQI+

A pesquisa “Viver em São Paulo: Direitos LGBTQI+”, realizada pela Rede Nossa São Paulo em parceria com o Ibope Inteligência, traz dados sobre a percepção de paulistanas e paulistanos em relação à vida das populações LGBTQI+ na cidade de São Paulo.

O levantamento aponta uma queda de 10 pontos percentuais na percepção da população paulistana de que São Paulo é uma cidade tolerante com a população LGBTQI+. Em 2018, o índice de pessoas que classificava a cidade como tolerante com pessoas LGBTQI+ era de 50%; em 2019, esse número baixou para 40%.

Somado a isso, houve uma queda significativa na nota média de avaliação da tolerância na cidade – de 6,3 para 5,9 – na escala de 1 a 10, sendo que 1 significa “totalmente intolerante” e 10 significa “totalmente tolerante”. Já 26% das pessoas entrevistadas classificam São Paulo como uma cidade intolerante em relação à população LGBTQI+. As pessoas mais jovens, que têm entre 16 e 24 anos, são as que mais consideram a cidade intolerante (33%).

Em relação a atuação da administração municipal no combate à violência contra a população LGBTQI+, 25% dos paulistanos e paulistanas afirmam que a administração municipal não faz “nada” e 43% considera que “faz pouco”. Ou seja, para quase 70% da população paulistana a administração municipal faz nada ou pouco no combate à violência contra pessoas LGBTQI+.

Apenas 10% das pessoas entrevistadas consideram que a administração municipal “faz muito” no combate à violência contra a população LGBTQI+. Ainda nesta questão, 22% não sabem ou não responderam.

Enquanto os moradores da região Leste são mais críticos em relação à atuação da gestão municipal no que diz respeito ao combate à violência contra a população LGBTQI+ (31% responderam “nada” e 36% responderam “pouco”), aqueles que moram nas regiões Norte e Centro são os que mais dizem que muito tem sido feito (14% e 18% respectivamente).

Analisando por segmentos, as pessoas com Ensino Fundamental, mais pobres e da classe C são as que mais avaliam negativamente a gestão municipal nesse aspecto (31%, 30% e 29% respectivamente).

Esses dados mostram que nos últimos 12 meses a cidade passou a ser percebida como menos tolerante em relação à população LGBTQI+ e que essa percepção é mais forte em uma parcela da população que é mais exposta a situações de preconceito de uma maneira geral: pessoas mais jovens, mais pobres e que se autodeclaram pretos(as) ou pardos(as).

A pesquisa também revela que seis em cada dez paulistanos e paulistanas consideram importante a elaboração e implementação de políticas públicas municipais que promovam a igualdade de direitos para a população LGBTQI+. Para 29% é “muito importante” e para 31% “importante”. Já 14% afirmam ser “pouco importante”; 11% “nada importante”; e 15% não sabem ou não responderam.

Mais da metade da população paulistana apoia a criação de uma lei que criminalize a LGBTfobia (55%). Entre as pessoas favoráveis, os segmentos que se destacam são mulheres, pessoas mais jovens, que se autodeclaram brancas e da classe B. Já entre as pessoas contrárias à criminalização da LGBTfobia (22%), destacam-se homens (27%) e pessoas com idade entre 35 e 44 anos (27%).Entre as pessoas que não sabem ou não responderam (23%), 35% tem Ensino Fundamental; 33% são evangélicos(as)/protestantes; têm renda familiar mensal de até dois salários mínimos (29%); e são mais velhos(as) (28%).

O levantamento aponta ainda que cerca de 4 em cada 10 pessoas entrevistadas sofreram ou presenciaram alguma situação de preconceito por causa da orientação sexual ou identidade de gênero em espaços públicos e transporte público (37%); seguidos de escola/faculdade (32%), shoppings e comércios e bares e restaurantes (31%), trabalho (30%), família (28%) e banheiros públicos e de estabelecimentos privados (23%).

Espaços públicos foi o item mais citado em todas as regiões de São Paulo: 51% no Centro; 44% na zona Oeste; 41% na Norte; 35% na Leste; e 36% na Sul.

Entre as pessoas que sofreram ou presenciaram situações de preconceito por conta de orientação sexual ou identidade de gênero, destacam-se: mulheres pretas/pardas, que têm entre 16 e 24 anos e entre 35 e 44 anos; com escolaridade média; que possuem renda familiar mensal de até 2 salários mínimos; da classe C; e que moram na região Leste.

A pesquisa revela ainda que 26% da população paulistana não se informa sobre os direitos LGBTQI+. Entre as pessoas que afirmam se informar, a televisão é a fonte mais citada (30%), seguida de sites de notícias e portais (27%) e mídias sociais (25%). Os dados indicam que as pessoas que não se informam sobre os direitos da população LGBTQI+ tendem a ser mais contrárias à lei que criminaliza a LGBTfobia: cerca de 4 em cada 10 são contra.

Saiba mais:

Apresentação pesquisa “Viver em São Paulo: Direitos LGBTQI+”

Pesquisa “Viver em São Paulo: Direitos LGBTQI+” completa

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