Professor em greve pede ajuda à Justiça

Sem contraproposta 50 dias após decretação da greve, docentes de SP tentam acabar com impasse no Judiciário. Na quinta-feira (30), categoria manteve a paralisação; gestão Alckmin afirma que adesão é de apenas 5%

Por FÁBIO TAKAHASHI – Folha de S. Paulo

 Aprovada há 50 dias, a greve dos professores das escolas paulistas vive um impasse. O governo não apresenta uma contraproposta, e o sindicato mantém a exigência de reajuste salarial de 75%.

Em assembleia de quinta (30), os docentes decidiram manter a paralisação, que atinge parcialmente a rede de 4 milhões de estudantes.

A próxima reunião entre os grevistas e o governo Geraldo Alckmin (PSDB) está marcada apenas para o dia 13 de maio. Dessa forma, a Apeoesp (sindicato docente) solicitou a mediação da Justiça.

O sindicato informou também que o Tribunal de Justiça agendou uma audiência, na próxima quinta (7), para tentar uma conciliação.

A reportagem não conseguiu confirmar a audiência com o Judiciário.

PRECIPITAÇÃO

Segundo o governo, apenas 5% dos docentes faltaram ao trabalho nesta semana. Para o sindicato, porém, a adesão está entre 50% e 52%.

Do lado da Secretaria da Educação do Estado, a argumentação é que haverá política de valorização salarial, mas não no calendário imposto pelo sindicato.

Segundo a pasta, a greve foi "precipitada", com motivação partidária. O sindicato é filiado à CUT, ligada ao PT.

A secretaria, porém, não informou quando fará essa proposta de reajuste –o piso salarial do professor em São Paulo é de R$ 2.415,89 (26% acima da média nacional).

O governo estadual ressaltou também que, dos seis sindicatos da categoria, cinco não aderiram à paralisação. A Apeoesp, porém, tem mais filiados que os demais.

A gestão Alckmin diz que, apesar da situação financeira desfavorável, pagará neste ano R$ 1 bilhão em bônus aos docentes, esforço não reconhecido pelos grevistas.

Já para a presidente do sindicato, Maria Izabel Noronha, o governo é "intransigente", por isso a greve se estende.

"Se não conseguem dar os 75%, conseguem quanto? O que não podemos é ficar nessa situação, de reajuste zero."

EQUIPARAÇÃO

O índice de aumento reivindicado tem como base estudo do sindicato que buscou calcular a diferença salarial entre os professores da rede e os demais profissionais do Estado com ensino superior.

Para esse levantamento, a entidade utilizou dados da Pnad, levantamento do IBGE.

Essa equiparação salarial consta no Plano Nacional de Educação, aprovado pelo Congresso ano passado, que dá prazo até 2020 para o cumprimento dessa meta.

Em levantamento próprio, reportagem da Folha estimou que o reajuste necessário para equiparação estaria próximo dos 60%, considerando a média de todos os docentes.

O governo, por sua vez, contesta a defasagem. Afirma que, para os professores com carga semanal de 40 horas, a média salarial é de R$ 4.416, apenas 1% inferior à média da população do Estado com ensino superior.

O governo, porém, não informa quantos docentes possuem essa carga horária (que se assemelha à média da população do Estado).

Matéria publicada originalmente na Folha de S. Paulo.

 

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