Governo de SP cria controladoria para tentar melhorar gestão de hospitais

Por Cláudia Collucci

Motivado pela crise financeira na Santa Casa de São Paulo, o secretário de Estado da Saúde, David Uip, criou uma controladoria para tentar melhorar a gestão de hospitais, centros de saúde e farmácias ligados ao governo.

O novo serviço, comandado por especialistas em gestão pública convidados por Uip, irá acompanhar os repasses financeiros do SUS e processos como compra e distribuição de remédios.

Com orçamento de R$ 20,4 bilhões para 2015, a secretaria tem a maior rede hospitalar e ambulatorial do país. São 228 serviços onde atuam cerca de 250 mil funcionários.

Segundo Uip, a ideia é que também haja aprimoramento dos mecanismos de controle e qualidade dos serviços administrados por OSS (Organizações Sociais de Saúde).

Hoje essas entidades superam, na rede estadual, o número de serviços de saúde da administração direta. São 57 hospitais e centros de saúde administrados diretamente pela secretaria, contra 107 gerenciados por OSS.

"O que aconteceu [na Santa Casa] e as notícias que chegam sobre a 'máfia das próteses' só reforçaram as minhas convicções de que é preciso um controle maior e mais transparência", afirma.

Auditoria feita pelo governo na Santa Casa detectou várias irregularidades de gestão, como contratos de alugueis de imóveis da entidade firmados por valores até 81% inferiores aos de mercado.

Embora sejam instituições privadas, as Santas Casas e outros hospitais filantrópicos gozam de uma série de isenções fiscais e recebem recursos públicos, o que justifica o controle do Estado.

Uip diz que a controladoria também deve agir no combate à máfia das próteses, que, segundo denúncias, envolve médicos e outros profissionais da indústria em fraudes em licitações e superfaturamento de produtos.

Uma das propostas, segundo ele, é criar uma espécie de Ceagesp (central de abastecimento) das próteses.

A ideia é começar pela área da ortopedia, onde se concentra a maior parte das denúncias, como cirurgias superfaturadas. "O recado é muito claro. Vamos controlar preço e qualidade", diz.

Na opinião de Uip, a falta de competência na gestão dos serviços públicos de saúde do país é "sistêmica".

Matéria originalmente publicada no jornal Folha de S. Paulo

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