“Itains Bibi e Paulista explicitam desigualdade” – Folha de S.Paulo

 

Bairros das zonas oeste e leste da capital contrastam índices sociais e econômicos

Nos distritos mais ricos da cidade, renda média é de R$ 3.500; nos mais pobres, não chega aos R$ 550

DE SÃO PAULO
DO RIO

Os dois bairros têm Itaim no nome e estão em São Paulo. Mas apresentam diferenças gritantes aos seus moradores -o que ilustra bem a realidade paulistana.

No Itaim Paulista, na zona leste, mora Mariane Terezinha Fabretti, 41. Desempregada, ela vive com mais seis pessoas -marido e cinco enteados- numa casa de 40 metros quadrados. Negra, cursou apenas até a quinta série do ensino fundamental.

No Itaim Bibi, na zona oeste, mora Celina Barana Mandia, 78. Professora universitária aposentada, ela vive junto com o marido em um apartamento de 140 metros quadrados. Branca, fez duas faculdades.

"O problema aqui é o posto de saúde. Demora para atender e nunca tem médico", afirma Mariane sobre o Itaim Paulista. "Mas ao menos tem escola e feira perto."

"Aqui tenho tudo, não preciso nem tirar o carro da garagem. E você acha que algum lugar tem um jardim como esse?", afirmou Celina sobre o Itaim Bibi -e a área dentro do seu condomínio.

RANKINGS

Além das realidades de Mariane e Celina, os números do IBGE também expõem a desigualdade na capital.

A renda média mensal por pessoa no Itaim Paulista é de R$ 516; no Itaim Bibi,

R$ 4.493. As taxas de analfabetismo são, respectivamente, de 4,5% e 0,6%.

No Itaim Paulista, 55% se declaram pretos ou pardos. No Itaim Bibi, apenas 10%. No primeiro, há grande presença de crianças. No segundo, de idosos. As oposições na capital paulista, porém, não se restringem aos Itains.

Tabulação feita pela Folha mostra que nos dez distritos mais ricos, o percentual dos que se declaram pretos ou pardos não passa de 10%. Nos dez mais pobres, a proporção chega a 56%.

Nos distritos mais ricos, a renda média dos moradores supera R$ 3.500 e atinge seu auge em Moema (R$ 5.362).

No outro extremo, a renda média é inferior a R$ 550, chegando a R$ 416 em Marsilac, no extremo sul da cidade.

Na São Paulo mais branca e mais rica, vivem 785 mil pessoas. Na mais pobre e mais negra, são 1,8 milhão.

MAIOR DESIGUALDADE

A desigualdade por cor na cidade se verifica pela diferença no rendimento médio de brancos e pardos.

Enquanto os que se declararam brancos em São Paulo têm renda média de R$ 2.467, entre os pardos esse valor é menos da metade (R$ 975).

Trata-se da maior diferença registrada entre as capitais do país.

(NATÁLIA CANCIAN, FÁBIO TAKAHASHI E ANTÔNIO GOIS)

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