“Na Zona Leste, o ‘oásis’ de São Paulo” – Jornal da Tarde

 

No Alto da Mooca, polícia e população se entendem muito bem. Resultado: baixos índices de crimes

Camilla Haddad
camilla.haddad@grupoestado.com.br

O Alto da Mooca, na Zona Leste, reduto de descendentes de imigrantes italianos de classe média e média alta, preserva um índice capaz de causar inveja a qualquer morador de outro bairro: é o único da Cidade sem registro de assassinato há quase dois anos. O último homicídio foi em setembro de 2006. E a população está disposta a manter esse índice zero. Virou hábito de quem vive no bairro, por exemplo, ligar para o ramal do delegado titular do 18º DP (Alto da Mooca) e denunciar os problemas da região.

Para a polícia, a ‘receita’ do sucesso é uma integração dos 60 mil moradores do bairro com a segurança pública. ‘Há um perfeito entrosamento entre nós. É um povo politizado que exerce a cidadania’, afirma o delegado Enjolras Rello de Araújo. Todas as primeiras terças-feiras de cada mês, oficiais da Polícia Militar e delegados participam, com a comunidade, de reuniões do Conselho de Segurança Pública (Conseg) e não mandam representantes. ‘Esse Conseg tem 23 anos. É um dos mais antigos do Estado e reúne muita gente’, diz Araújo.

O delegado também se encontra com o comandante geral da PM local a cada 20 dias. ‘Eu e o capitão trocamos idéias, discutimos problemas e, claro, tentamos resolvê-los o mais rápido possível.’ O delegado arrisca até dizer que o Alto da Mooca é um ‘oásis numa Cidade como São Paulo’.

No comando do Conseg está a bibliotecária Ana Maria Pantaleão. Orgulhosa, ela mostra o livro de presença das reuniões. ‘São 79 pessoas por mês, em média, que participam dos encontros’, diz. ‘Aqui temos a tranqüilidade de sair à noite a pé, ir a uma padaria, passear com o cachorro.’ Ana conta que luta para ajudar a comunidade. ‘A gente procura atender as reivindicações, de todas as áreas. Eu faço os ofícios e encaminho para os órgãos competentes’, comenta. ‘É importante dizer que o Conseg atua como um fórum comunicador entre a segurança pública e a comunidade.’

O capitão José Elias de Godoy , da 1ª Companhia do 21º Batalhão, revela que, desde o ano passado, uma cartilha com dicas de segurança circula pelas ruas do bairro. ‘A cartilha traz informações de prevenção contra furtos e roubos e outras dicas importantes’, explica.

Outro fator apontado por ele como fundamental para nenhum registro de homicídio é uma base da PM na Rua Madre de Deus. ‘Este ano a base foi reconhecida, antes era posto policial. A diferença é que agora temos uma viatura fixa, mais policiais e a comunidade tem uma relação estreita conosco.’

No próximo mês, o capitão espera fazer uma nova versão da cartilha. Desta vez, com dados mais precisos sobre prevenção a acidentes de trânsito. Segundo o oficial, um estudo preliminar feito nos últimos quatro meses detectou que 60% das ocorrências atendidas pela PM local estão relacionadas a acidentes de trânsito. ‘Felizmente são batidinhas leves, sem vítimas.’

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