Conferência Municipal da Juventude (SP): Mandando bem

 

Fonte: Revista Viração

Jovens politizadas/os questionam e mudam regulamento interno para garantir representatividade na 1ª Conferência Municipal da Juventude, em São Paulo

Rassani Costa, da Redação (25/02/2008)

A 1ª Conferência Municipal da Juventude – "São Paulo – Juventude em Ação", aconteceu em 23 de fevereiro, na Universidade Ibirapuera (Unib) em São Paulo. O evento estava marcado para 9h30, mas houve atraso devido ao credenciamento das/os participantes. Apesar de alguma falta de planejamento, constatada pelas/os jovens nos grupos de trabalho, o que ficou dessa conferência foi a força da galera em exigir igual representatividade do poder público e da juventude nas conferências estaduais e nacional.

Logo na abertura do evento, após os discursos, teve início a leitura do regulamento interno da 1ª Conferência Municipal da Juventude. Assim que a mesa terminou de ler os tópicos, foi solicitada a alteração de alguns pontos devido à discordância da plenária. Isso porque o artigo 13 parágrafo 2º diz: "Do número total de delegados a que o grupo tiver direito, 14 (catorze) deverão obrigatoriamente estar na faixa estaria entre 15 e 29 anos." Já o artigo 14 determina:"O Poder Público Municipal indicará por meio de suas respectivas Secretarias, Subprefeituras e pela Câmara Municipal de São Paulo (noventa e nove) delegados para a Conferência Estadual. Parágrafo Único – Não haverá eleição para Delegados do poder Público Municipal, podendo, os mesmos, ainda, possuírem faixa etária superior a 29 (vinte e nove) anos".

Bastou a leitura deste tópico para que várias/os jovens e entidades se manifestassem pedindo a alteração do artigo 14 e obrigando o poder público a também ser representado obrigatoriamente com cidadãos entre 15 e 29 anos. Somente depois de muita discussão é que foi feita alteração no tal artigo, que ficou assim: "Dos 99 (noventa e nove) delegados do Poder Público Municipal, 70 (Setenta) terão obrigatoriamente de ter entre 15 (quinze) e 29 (vinte e nove) anos".

Mas nem todas/os concordaram com a mudança no regulamento. Uma representante do poder público da Juventude da Lapa (zona oeste da capital) pediu o microfone e disse que duvidava que ali houvesse alguma/algum jovem preparado para representar as propostas na Conferência da Estadual da Juventude, alegando que deveriam haver apenas delegados maiores de 29 anos, devido à "falta de capacidade da juventude".

Ao contrário de Gustavo Petta, que foi aplaudido por dizer que a/o jovem tem que ser protagonista de projetos, a tal representante foi vaiada pela multidão. Parece que ela não assimilou a frase anteriormente explanada por Petta.

Apesar da conquista da mudança no regulamento, uma situação contrariou as expectativas na abertura da Conferência. A mesa, composta por representantes da juventude e do Poder Público, não continha representantes de grupos étnicos – não havia ali quem representasse a comunidade negra, nem a indígena. Entre as/os presentes estavam Rafael Barra Castilho, coordenador municipal da juventude; Mariana Gentis, coordenadora Estadual da Juventude; Gustavo Petta, do Conselho Nacional da Juventude; Geraldo José Barro, representando o secretário municipal da assistência social, Beto Mendes, subprefeito de Cidade Ademar; José Gregori, da Comissão Municipal de Direitos Humanos de São Paulo; Jorge Bastos Reitor da Universidade Ibirapuera e Ricardo Montoro, secretário de Participação e Parceria.

Além delas/es, o senador Eduardo Suplicy também fez um breve discurso sobre a importância de uma conferência como esta. Como sempre a energia da juventude se fez presente e muito barulho foi feito quando Gustavo Petta fez seu discurso inicial. Umas das frases marcantes foi sobre "projetos que coloquem o jovem como protagonista", sendo logo em seguida ovacionado por uma grande parcela de jovens presentes.

Outro integrante da mesa que também arrancou gritos foi o presidente da Comissão Municipal de Direitos Humanos, José Gregori, que lembrou os tempos da ditadura e a limitação das reivindicações da população. Gregori disse que no seu tempo de juventude era difícil tal mobilização em favor dos interesses da juventude e finalizou pedindo a todas/os que "não deixem a democracia morrer neste país."

As/os jovens dividiram-se em grupos de trabalho, para discutir os temas "Acesso à Cidade e Cultura", "Pessoas com Deficiência e Mobilidade Reduzida", "Direitos Humanos", "Diversidade Sexual", "Educação", "Esporte e Lazer", "Família e Assistência Social", "Gênero", "Meio Ambiente", "Relações Raciais e Étnicas", "Saúde" e "Trabalho e Renda".

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