Acesso a esgoto varia 75 vezes em SP

 

Fonte: O Estado de S.Paulo

Sabesp revela que Parelheiros só tem 56,88% dos domicílios ligados à rede; no centro, cobertura é quase total

Felipe Grandin e Marcela Spinosa
Um levantamento feito pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) revela que a diferença de cobertura de esgoto entre os distritos de São Paulo chega a 75 vezes. Enquanto na Sé (centro) apenas 0,75% dos domicílios não têm coleta de esgoto, em Parelheiros, zona sul, mais da metade dos imóveis (56,88%) está nessa situação.

Os dados são preliminares, mas pela primeira vez a Sabesp revelou o déficit em cada uma das 31 subprefeituras. Os índices foram divulgados pelo Observatório Cidadão Nossa São Paulo – um banco virtual de dados oficiais.

Técnicos da companhia chegaram ao indicador após dividir o número de ligações de esgoto pelo de ligações de água – e multiplicá-los por 100. A Sabesp, porém, não soube informar os números de ligações em cada região. Os bairros mais distantes do centro apresentam os piores índices, especialmente os da zona sul. Dos cinco piores, quatro estão nessa área: Parelheiros (56,88%), Cidade Ademar (37,08%), Capela do Socorro (32,60%) e M?Boi Mirim (27,22%).

Para o coordenador do Movimento Nossa São Paulo, Maurício Borizini, Parelheiros, por ser uma área rural, é a única região com justificativa plausível para não ter uma rede de esgoto. "Os bairros de Capela do Socorro e Cidade Ademar são urbanizados e deveriam ter atendimento maior."

A gerente de Planejamento da Unidade de Tratamento de Esgoto da Sabesp, Maria Carolina Gonçalves, explica que o déficit se deve ao crescimento desordenado da capital, que não foi acompanhado pela ampliação do sistema. "Antigamente, a população estava mais concentrada na região central e, por isso, houve mais atenção nessa área."

A conseqüência desse déficit são os danos ambientais e à saúde. O contato com a água suja e a ingestão de alimentos contaminados podem causar doenças como a febre tifóide, a hepatite A e cólera. "São doenças de veiculação hídrica e também conhecidas como diarréicas, porque o primeiro sintoma é uma forte diarréia", explica o professor do Departamento de Saúde Ambiental da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo José Luiz Negrão Mucci.

Em todo o mundo, as doenças diarréicas matam 1 criança a cada 19 segundos, segundo relatório de 2006 da Organização das Nações Unidas (ONU). Na capital, das cinco principais doenças de veiculação pela água, apenas a febre tifóide foi notificada nos últimos dois anos, segundo a Secretaria Municipal de Saúde. Os casos confirmados subiram de 8, em 2006, para 14, em 2007.

AMBIENTE

Os prejuízos ambientais ficam por conta do esgoto, despejado em rios e córregos. Apesar de 96% da cidade estar coberta pela rede, apenas 65% do esgoto coletado é tratado. A gerente da Sabesp destacou que em Parelheiros está sendo construída uma rede coletora de 40 quilômetros. A obra deve ficar pronta até o fim do ano. "Aí o esgoto será levado para ser tratado na Estação de Barueri."

RANKING POR REGIÃO

OS PIORES

Zona sul: Parelheiros (56,88% sem acesso à rede), Cidade Ademar (37,08%) e Capela do Socorro (32,60%)

Zona leste: Guaianases (22,6% ) e Ermelino Matarazzo (17,79%)

Zona oeste: Perus (28,22%), Butantã (16,33%)

Zona norte: Jaçanã/Tremembé (26,65%) e Pirituba (16,65%)

OS MELHORES

Sé (0,75%), Pinheiros (1,28%), Vila Mariana (2,74%), Mooca (2,75%), Aricanduva (5,35%), Lapa (6,51%) e Vila Maria-Vila Guilherme (7,16%)

Copyright © 2007 – 2008 Grupo Estado. Todos os direitos reservados.

 

 

Compartilhe este artigo