Doria prepara testes de ônibus Rapidão, alternativa com corredores

RODRIGO RUSSO – FOLHA DE S. PAULO

Uma das principais promessas de campanha do prefeito João Doria (PSDB) para a área de transportes públicos está prestes a começar sua fase de testes na cidade.

O Rapidão –transporte rápido de ônibus ou BRT, na sigla em inglês– deve entrar em operação de forma experimental nos próximos 90 dias. O trajeto entre os terminais Capelinha e João Dias, na zona sul, foi o escolhido para a operação piloto.

A região já dispõe de um corredor de ônibus, mas as velocidades ali estão abaixo da meta de 25 km/h que Fernando Haddad (PT) prometia entregar. Na tarde desta sexta (27), por exemplo, o trecho entre os dois terminais tinha velocidade média de 19 km/h.

No pico da manhã, o passageiro da linha que faz esse trajeto gasta mais de uma hora e dez minutos para percorrê-lo. Ao fim do dia, é preciso enfrentar mais de 40 minutos de viagem. A distância é de pouco mais de 3 km.

O BRT, com infraestrutura que permite embarque rápido, cobrança de bilhetes na plataforma do ponto de ônibus, áreas de ultrapassagem e via exclusiva, em tese permite que o sistema ganhe velocidade, reduzindo o tempo de viagem dos passageiros.

No modelo apresentado por Doria na campanha, o Rapidão teria ainda um sistema de aplicativo para celular, concedido à iniciativa privada, para informar o usuário sobre linhas e horários.

"Todos os ônibus nesses corredores vão ter GPS. Você, da tela do seu celular ou do seu computador, vai saber a que horas chega o ônibus, quais são os horários mais adequados para pegar o ônibus e qual o tempo previsto de deslocamento", disse Doria.
 

Dessas medidas todas, o que deve entrar em funcionamento de imediato é a cobrança antecipada de bilhetes e a exclusividade da via para os coletivos. Apesar de não ter se comprometido ainda com uma velocidade média para os ônibus na cidade, Doria prometeu reduzir em até 20 minutos o tempo de deslocamento com o novo sistema.

Procurada, a SPTrans (empresa municipal de transportes) afirmou em nota que o projeto "está em fase de avaliação das melhores alternativas" e que "não há prazo para início da operação".

Para o superintendente da ANTP (Associação Nacional de Transportes Públicos), Luiz Carlos Mantovani Néspoli, "quanto mais controle de ocorrências no trânsito que retiram tempo, melhor será a eficiência do sistema".

Néspoli defende que, além de vias exclusivas e pagamento antecipado, o BRT inclua formas de dar prioridade aos ônibus em cruzamentos, ou de criar maneiras de suprimi-los. "Precisamos trazer tecnologia para o sistema."

O superintendente da associação pondera ainda que seria importante requalificar as calçadas da região atendida pelo BRT. "Oferecer tratamento adequado às calçadas, iluminação e travessia segura permitem que os pontos sejam mais espaçados e o sistema se mantenha atraente."

A promessa de expandir o BRT na cidade vem desde a gestão de Celso Pitta (1997-2000), eleito sob a bandeira de construir o Fura-Fila. Sob sua sucessora Marta Suplicy, o projeto foi rebatizado de Paulistão; José Serra então renomeou-o como Expresso Tiradentes –nome sob o qual Gilberto Kassab, em 2007, entregou o projeto à população.

Ligando o Sacomã (zona sul) ao Parque Dom Pedro 2º (centro) e este à Vila Prudente (zona leste), o corredor consegue registrar velocidades bem superiores às de corredores tradicionais. No ano passado, por exemplo, atingiu uma média de 42 km/h.

Matéria publicada na Folha de S. Paulo.
 

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