Estado quer arrecadar R$ 30 milhões com patrocínios em parques urbanos

Plano inclui ‘adoção’ de áreas e serviços de Villa-Lobos, Cândido Portinari, Água Branca, da Juventude, Belém, Horto Florestal e do Guarapiranga

Giovana Girardi – O Estado de S.Paulo

O governo Geraldo Alckmin (PSDB) pretende arrecadar entre R$ 10 milhões e R$ 30 milhões por ano com o patrocínio de ativos dos parques urbanos estaduais da capital paulista. O plano, apresentado ontem pelo secretário de Meio Ambiente, Ricardo Salles, prevê investimento da iniciativa privada nas unidades, em troca de propaganda, além de exploração de alguns serviços. 

Em evento para potenciais interessados, o técnico Lucas Mariano, assessor do gabinete da Secretaria de Meio Ambiente, listou todos os “dotes” dos parques que podem ser objetivo de investimentos e propaganda. Foram listados atividades, equipamentos e serviços dos Parques Villa-Lobos, Cândido Portinari, da Água Branca, da Juventude, do Belém, Horto Florestal e da Guarapiranga, além também do Projeto Pomar (de plantio na Marginal do Pinheiros), do Jardim Zoológico, do Botânico e do Caminho do Mar.

A ideia é que praticamente tudo poderia ter algum tipo de patrocínio. Quadras de esporte e campos de grama e areia, como os do Villa-Lobos, Portinari e Belém, por exemplo, poderiam ser adotados. Isso significa, explicou Mariano, fazer a manutenção do espaço, repor traves furtadas ou arrumar redes rasgadas e colocar postes. Em troca, a empresa poderia fazer sua propaganda em placas no entorno das quadras ou distribuir amostras de produtos.

Foi citada como exemplo uma parceria feita com a Adidas, que adotou uma quadra de futebol society no Villa-Lobos e também uma “chutelaria” – para empréstimo de chuteiras para quem for jogar. “Eles podem expor a marca onde os potenciais consumidores estão em um momento de prazer, o que acaba sendo um ativo fantástico”, disse Mariano.

Em parques que não têm quadras, mas espaços livres amplos, como é o caso do Juventude, a ideia é abri-los para shows, cinema ao ar livre ou eventos como feiras. Outras unidades que foram chamadas de mais “contemplativas”, como o Horto ou o Parque da Água Branca, podem ter patrocínio de equipamentos como “carrinho de golfe” – para transportar idosos ou alguém que tenha se machucado – e de bebedouros; ou a exploração de mídia em vaporizadores e totens funcionais, que sejam movidos a placas solares, para carregar celulares. “Pode ter alguma empresa ligada à sustentabilidade que fique interessada”, defendeu Mariano.

Food trucks

Orquidários, como o do Villa-Lobos, que foi apresentado como a “joia da coroa” do sistema urbano de parques estaduais, poderiam receber eventos. No Zoológico foi proposta a adoção de recintos de animais e a administração de um segundo restaurante que hoje está fechado. No Botânico, a adoção do Jardim dos Sentidos. No Caminho do Mar, a criação de um hotel e de restaurantes. Tudo sempre com a possibilidade de exploração de marcas. Fora a abertura de espaços para food trucks e lanchonetes.

Há, por fim, a ideia de usar alguns parques com quadras para abrigar torneios de jogos estaduais para estudantes de ensino médio de escolas estaduais durante as férias de janeiro e julho. “Mais do que um torneio esportivo, queremos que os jogos possibilitem um domingo no parque para toda a família”, afirmou Mariano.

Segundo Salles, entre contrapartida financeira e investimentos, a estimativa é arrecadar entre R$ 10 milhões e R$ 30 milhões. Hoje, o orçamento da Coordenadoria de Parques Urbanos, que faz a distribuição de recursos entre as unidades, é de R$ 50 milhões. Ao Estado, Salles disse que a verba que vier a entrar não deve reduzir esse investimento. “Não vamos diminuir orçamento em função de patrocínio, mas ter recursos para fazer mais coisas. O objetivo é tornar os parques mais atrativos para a sociedade.”

Doria

Ainda segundo Salles, a ideia neste momento não é fazer uma concessão total dos parques à iniciativa privada, como vem defendendo o prefeito eleito João Dória (PSDB) para os parques municipais. Essa possibilidade foi aberta para 25 unidades de conservação do Estado, no litoral e no interior, mas dependeu da aprovação de uma lei. “Aqui estamos tentando fazer o máximo que pudermos em termos de agregar eficiência, celeridade, recursos e dinâmica de setor privado dentro dos parques, sem passar por esse processo legislativo”, disse o secretário.

Matéria publicada no jornal O Estado de S. Paulo.
 

Compartilhe este artigo