Alckmin quer água do Rio Pinheiros na Billings

Por Fabio Leite e Felipe Resk

Governador sugere retomar projeto de tratamento abandonado com o fracasso da flotação; meta é reduzir dependência do Cantareira.

O governador Geraldo Alckmin (PSDB) afirmou nesta quinta-feira, 12, que pretende retomar o projeto de tratamento das águas do Rio Pinheiros, que atravessa as zonas sul e oeste da capital paulista, e revertê-las para a Represa Billings, na região do ABC, para aumentar ainda neste ano o estoque para abastecimento da Grande São Paulo durante a crise hídrica. 

“Eu sempre defendi este trabalho, porque é o ciclo virtuoso: você limpa o rio, coloca água na Billings, uma parte da água vai para Guarapiranga, para abastecimento humano, e uma outra parte vai para (a usina) Henry Borden, para gerar energia elétrica em Cubatão, que é muito eficiente”, disse Alckmin. “Nós sempre fomos grandes defensores desse projeto. O doutor (Jerson) Kelman (presidente da Sabesp) está retomando. Houve lá atrás um questionamento do Ministério Público, mas acho que a gente pode retomar esse trabalho.”

A reversão do Rio Pinheiros para a Billings ocorreu de forma permanente desde a conclusão do reservatório, na década de 1950, até 1992, quando houve a suspensão causada por elevados índices de poluição. Agora, as comportas da Usina de Pedreira são abertas para conter a cheia do rio na capital. 

Em 2007, o governo paulista iniciou os testes de flotação, técnica que consiste em aglutinar a sujeira do rio em grandes grãos para removê-los, mas a iniciativa foi suspensa dois anos depois e abandonada em 2011. Alckmin, porém, não detalhou a proposta e a Sabesp ainda está estudando a medida.

O governo paulista aposta no uso das águas da Billings para bombear mais água para os Sistemas Guarapiranga (1 mil litros por segundo) e Alto Tietê (4 mil l/s) e assim atender bairros hoje no Sistema Cantareira, o mais crítico, até o início da próxima estação chuvosa, em outubro. A ideia é reduzir o número de clientes do Cantareira de 6,5 milhões para 5 milhões, e evitar um rodízio oficial.

Análise. Para um professor da Faculdade de Saúde Pública da USP, a Sabesp tem condições de limpar o Pinheiros e revertê-lo para a Billings para abastecimento. “Mas tem de ser bem feito, para não trazer prejuízo.”

Matéria originalmente publicada no jornal O Estado de S. Paulo

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