“Na Rua pelo Direito de Ir e Vir” – portal Quatro Cantos

por Rodrigo Gomes

Como parte das ações do Moving Planet, jovens enfrentam sábado frio e vão à Paulista exigir políticas de mobilidade para a cidade.

Um grupo de cerca de 300 manifestantes, em sua maioria jovens, parou duas faixas da Avenida Paulista, na tarde deste sábado, exigindo um plano de mobilidade para a cidade de São Paulo. Portando faixas, cartazes, uma enorme bandeira e até uma bateria, o grupo saiu do MASP por volta das 16 horas em direção ao espaço Matilha Cultural, na Rua Rêgo Freitas, de forma bastante irreverente, gritando “Ei, Kassab, vai tomar Metrô!”.

A manifestação é parte do movimento internacional Moving Planet, idealizado pela ONG 350.org, em parceria com diversas organizações da cidade de São Paulo. Essas mobilizações são organizadas em cidades do mundo todo, pautando-se pelos problemas ambientais e de sustentabilidade, e exigindo melhorias nas condições de vida da população da local. Este ano foram mais de 2 mil ações, em 175 países.

De acordo com a coordenadora do GT de Mobilidade da Rede Nossa São Paulo, Asuncion Blanco, o objetivo do ato é exigir da Prefeitura um plano de mobilidade que priorize o transporte público e garanta que a cidade seja das pessoas. Segundo ela é preciso “conscientizar a população que a Secretaria de Transportes tem 15 milhões de Reais para desenvolver um Plano de Mobilidade e não está utilizando”. Asuncion diz ainda que foram realizadas várias reuniões com vereadores, onde foi acordada a destinação desse valor para realização de estudos que viabilizassem a proposta. O problema se agrava agora, pois, se o plano não for realizado até o final deste ano, o dinheiro volta para a Câmara dos Vereadores.

A coordenadora da 350.org no Brasil, Paula Collet, acrescenta que “hoje em dia a cidade está feita para os carros e não para a gente”. Ela coloca que são exigências do plano que o sistema de transporte público, ônibus, trens e metrô, funcione 24 horas; a redução do valor das tarifas; e a priorização do transporte coletivo sobre o individual.

Sobre o porque de a Secretaria de Transportes não dar sequencia ao desenvolvimento do plano, embora já haja um processo de discussões e verba para tal, Paula pondera que este é o grande problema social do Brasil hoje em dia, onde o interesse de poucos se sobrepõe ao interesse de muitos. “Queremos a retomada da cidade pelas pessoas”, finaliza.

Pode-se dizer que o objetivo foi alcançado. Ao menos nas três horas que durou a manifestação, com a tomada de duas faixas da Avenida Paulista pelos manifestantes com a enorme bandeira onde se lia: “A cidade é nossa!”. Animados, apesar da fina garoa e do vento gelado, os manifestantes ainda posaram para uma foto aérea de uma imensa seta composta por eles mesmos. O designer Fábio Souza, ciclista, diz que quem se locomove sem carro se sente diretamente excluído pela cidade, pois os outros meios são muito precarizados. Segundo ele, “a cidade de Bogotá, na Colômbia tem 180 quilômetros de ciclovias, extensíveis a 300 quilômetros em alguns dias. Se lá é possível por que aqui não?”.

Procurada para se manifestar sobre a não realização do Plano de Mobilidade, até a manhã de hoje, Secretaria Municipal de Transportes não havia respondido à nossa solicitação.

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