“Mapas verdes”: uma visão mais sustentável da cidade

 

Aline Moraes – Projeto Repórter do Futuro

Ninguém melhor que aquele que vive a cidade para apontar como ela é e pode ser. Então, ninguém melhor que o cidadão para construir um mapa que mostre a cidade na sua verdadeira condição: em movimento. Essa é a idéia do projeto Mapas Verdes, uma iniciativa global de criação colaborativa de mapas que apontem a realidade e as necessidades locais – uma visão cidadã e diversificada sobre a cidade. A experiência bem sucedida do Mapa Verde da região metropolitana de Santiago, no Chile, foi apresentada no 1º Fórum Nossa São Paulo – Propostas para uma Cidade Justa e Sustentável, que terminou no último domingo (18/05) .

“É um mapa muito útil, que mostra visualmente indicadores da cidade. É também instrumento de educação popular e de integração. Representa viver a cidade de outra maneira”, disse Lake Sagaris, canadense que vive há 30 anos no Chile e que integra o coletivo Ciudad Viva, que congrega 25 organizações comunitárias, e de onde partiu a iniciativa na cidade.


Cidade de todos

O Mapa Verde de Santiago é feito por centenas de mãos, de pessoas que vivem e conhecem o local. “É uma forma coletiva de ver e rever a cidade que queremos”, resume Sagaris. Até crianças do Ensino Fundamental participam com seu “urbanismo juvenil”, desenhando o mapa da cidade que elas imaginam e que serve de base para o mapa final – a ser lançado no dia 5 de junho desse ano.

O mapa resultou num livro de 200 páginas, que se divide nos temas “viva verde”, sobre reciclagem, apontando locais para coleta seletiva; “transporte ativo”, sobre formas de locomoção alternativas; “cultura e patrimônio”, sobre a memória da cidade; e “sociedade civil”, sobre organização conjunta. Traz, além dos mapas, conceitos de como viver esses temas no dia-a-dia e sua diversidade. “É o mapa como ação, um verdadeiro manual do usuário da cidade”.

E serve também de manual para a administração pública. “O mapa auxilia a administração a pensar o desenho da cidade, a construir uma melhor infra-estrutura. É o mapa como processo”, acredita Sagaris. E é também mapa como diálogo: “permite aproximar autoridade e população”.

Mobilidade verde

Transporte e mobilidade também são temas centrais para quem vive em Santiago. Num Mapa Verde, o guia de ruas passa a ser mais do que isso: um guia do transporte sustentável, que vê o traçado da cidade pela ótica de formas alternativas de se locomover por ela. Dispensa os carros e seu trânsito e dá ênfase, sobretudo, ao transporte sobre duas rodas não-motorizadas.

Quem melhor que os próprios ciclistas para saber onde construir ciclovias? Partindo dessa idéia, grupos de ciclistas estabeleceram, no traçado da cidade, as rotas que eles mais usam para se locomover em suas bicicletas. Além disso, o mapa reúne informações úteis a quem opta por esse veículo, como melhores caminhos para locomoção e locais para consertar bicicletas. E busca, a partir daí, subsidiar políticas públicas mais efetivas.

 

 

 

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