Mais de dois terços dos paulistanos se dizem muito preocupados com o aquecimento global

Pesquisa revela percepção dos moradores da capital paulista sobre principais problemas ambientais e impactos das mudanças climáticas 

Por Ana Candida Pena, da Rede Nossa São Paulo

Foto: Caroline Errerias Ribeiro

Em sua 4ª edição, a Pesquisa Viver em SP: Meio Ambiente apresenta a percepção da população paulistana sobre diferentes aspectos relacionados ao tema, como os maiores problemas ambientais que afligem a cidade, seu grau de preocupação em relação às mudanças do clima e as medidas mais efetivas para combatê-las.

O levantamento revela que a mudança climática, tema em alta por todo o mundo, também já está na pauta dos paulistanos: três quartos deles sentem que as alterações do clima afetam muito sua qualidade de vida (índice chega a 79% entre os moradores da região central da cidade). Além disso, 68% declaram ter muita preocupação com o assunto, um aumento de 6 pontos em relação ao último levantamento.

Promovida pela Rede Nossa São Paulo e realizada pelo IPEC – Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica, a pesquisa foi divulgado nesta quarta-feira (1º/6) em evento presencial no Centro de Pesquisa e Formação do SESC São Paulo e transmitido pela Internet.

De acordo os dados apresentados no evento, os problemas efetivos em decorrência da crise ambiental, como as mudanças repentinas de temperatura, extinção de florestas, alagamentos/enchentes e a baixa umidade do ar, são citados por cerca de quatro em cada dez moradores da capital paulista.

Outros 76% afirmam que o Brasil está perdendo credibilidade internacional por sua atuação em relação ao combate às mudanças do clima e ao aquecimento global.

A pesquisa mostra que 4 em cada 10 entrevistados apontam ações relacionadas à preservação das florestas e áreas verdes como as mais efetivas para combater as mudanças climáticas, alternativa seguida de perto pelo plantio de árvores (39%).

Em proporção semelhante, a falta de recursos financeiros e de incentivo à instalação de sistemas de energia renovável seriam as principais barreiras para que a população contribua para a diminuição dos efeitos do aquecimento global (42% e 41%).

Analisando os dados por região da cidade, no Centro a principal barreira apontada é a falta de um bom sistema de transporte público, enquanto na Região Oeste o destaque é para a ausência de coleta seletiva. Já na Zona Norte, a maior parte dos entrevistados cita a falta de incentivos à indústria para a produção de embalagens menos poluentes.

Os dados indicam que os paulistanos compreendem que as ações humanas são as maiores causadoras dos problemas ambientais e que já percebem efeitos negativos destes em sua qualidade de vida, constatação de três quartos dos entrevistados.

Merece destaque também uma maior percepção de que é necessária uma articulação entre políticas municipais, estaduais e federais para dar conta dos desafios ambientais da cidade de São Paulo (86%). O índice chega a 93% na região central da cidade.

Principais problemas ambientais

Em continuidade aos dados de 2021, a poluição do ar, dos rios e as enchentes permanecem como os problemas ambientais mais percebidos pela população. Dentre os nove itens avaliados, estes são mencionados por 57%, 57% e 42% das pessoas, respectivamente.

Analisando os dados por região, na comparação com o total da amostra, nota-se que a poluição do ar é mais percebida na Região Norte, a poluição dos rios é mais citada na Região Oeste e Centro, enquanto as enchentes ganham destaque para uma maior parcela os habitantes da Região Leste.

Para 69% da população, os problemas ambientais de São Paulo são causados pelas ações humanas, percentual que chega a 80% na Região Norte. Por outro lado, um quinto da amostra geral afirma acreditar os problemas que são causados tanto pela ação humana quanto por mudanças naturais.

Apesar do recuo em relação à pesquisa de 2021, 52% dos paulistanos continuam indicando que o aumento de doenças cardiorrespiratórias são as principais consequências individuais dos problemas ambientais da cidade. Outros 44% dos entrevistados citam ainda o aumento na ocorrência de enfermidades como dengue, zika e chikungunya.

Responsáveis pelo combate aos problemas

Para a população paulistana, as três esferas do governo têm responsabilidade na busca por soluções para os problemas ambientais da cidade – governo municipal apontado por 88%; governo estadual por 87% e governo federal por 85% dos participantes da pesquisa. Para mais da metade destes, as empresas e indústrias (69%) e a população de maior renda (53%) têm muita responsabilidade na busca por soluções para os problemas ambientais.

Pensando nas soluções ambientais, a despoluição dos rios e córregos foi apontada por 41% dos entrevistados como medida mais eficiente, enquanto 36% citou uma maior fiscalização e aplicação de multas pelo Poder Público sobre o lançamento de esgotos nos rios e nos córregos de São Paulo.

Preocupados com as consequências dos problemas ambientais, 83% acreditam que seus impactos contribuirão para a falta de alimentos básicos, água e energia.

Para 81% dos paulistanos, as pessoas mais vulneráveis, ou seja, os mais pobres, os moradores de periferias e aqueles em situação de rua são os mais afetados pelos problemas ambientais da cidade.

A pesquisa foi realizada entre os dias 4 e 28 de dezembro de 2021. Foram 800 entrevistas online e domiciliares com pessoas maiores de 16 anos que moram na cidade de São Paulo. A margem de erro é de 3 pontos percentuais para mais ou para menos.

Confira aqui todos os resultados da pesquisa.

Veja a série histórica do levantamento.

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