Mortes nas marginais aumentaram 23% em 2017, diz gestão Doria

FABRÍCIO LOBEL – FOLHA DE S. PAULO

Um balanço preliminar da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), ligada à gestão João Doria (PSDB), aponta o aumento do número de mortes nas pistas das marginais Tietê e Pinheiros em 2017, ano em que a prefeitura decidiu aumentar o limite de velocidades das pistas. 

A companhia contabiliza 32 mortos, um aumento de 23% das 26 mortes registradas em 2016. Os dados de 2017 ainda podem aumentar, pois a CET analisa parte dos dados de mortes ocorridas no trânsito da cidade em dezembro do ano passado.

Para se ter uma ideia, na última semana, o Infosiga, banco de dados vinculado ao governo Geraldo Alckmin (PSDB), divulgou um balanço de mortes no trânsito da capital paulista que aponta para uma redução de 7% no número de óbitos na cidade.

Ou seja, ainda que tenham metodologias diferentes, os número de mortes indicados pela CET nas marginais vão na contramão da redução da fatalidade no trânsito no resto da cidade.

Há quase um ano, no dia 25 de janeiro de 2017, a gestão João Doria cumpriu sua promessa de campanha e voltou a permitir que carros nas marginais trafeguem a 90 km/h na pista expressa, 70 km/h na pista central e 60 km/h na pista local. A mudança ocorreu diante de forte debate de especialistas que questionavam a segurança das vias.

Em julho de 2015, a gestão Fernando Haddad havia reduzido esses limites para 70 km/h, 60 km/h e 50 km/h, respectivamente. O que se viu após a redução das velocidades foi uma tendência de redução no número de mortes. A tendência, porém, foi revertida em 2017.

Apesar do aumento do número de mortes, o presidente da CET, João Octaviano Neto diz ter convicção de que as elas não tiveram relação com o aumento das velocidades nas pistas. A companhia lista a imprudência e a inexperiência como fatores mais relevantes. Leia o perfil de 27 das 32 vítimas nas marginais em 2017

Reportagem publicada pela Folha em dezembro de 2017 revelou que a base de dados disponível para a análise dos acidentes não fornece informações suficientes para eliminar o efeito velocidade como contribuinte dos acidentes nas marginais. Para entender a dinâmica dos acidentes, a CET observa informações presentes nos boletins de ocorrência feitos pela Polícia Civil. 

Com os dados mais atualizados, a CET pode agora afirmar que a maioria dos casos (62%) ocorreu durante a madrugada ou no fim de semana, períodos em que teoricamente as pistas das marginais estão mais vazias e os veículos conseguem desenvolver maiores velocidades.

João Octaviano disse ainda que das 32 mortes, ao menos 5, fogem do perfil de acidentes viários nas marginais, o que dificulta uma análise estatística histórica.

Em um deles, uma motorista alcoolizada atropelou e matou três pessoas de uma só vez. Em outro, o motociclista teria caído da moto ao tentar chutar o retrovisor de um veículo. Em um terceiro caso, uma pedestre, possivelmente usuária de drogas, teria se jogado sob uma carreta na marginal Pinheiros, próximo à Ceagesp, na zona oeste.

A gestão argumenta ainda que quatro das mortes de 2017 ocorreram em locais onde o limite de velocidade foram mantidos mais baixos, devido ao traçado da pista no local.

Segundo o levantamento, 22 das vítimas eram motociclistas (68%), 8 são pedestres (25%) e 2 estavam dentro de carros quando se acidentaram (6%). Além disso, o perfil das vítimas é essencialmente masculino, 81% são homens.

AVANÇOS

A CET diz ainda que ao longo do último ano, quando implantou o programa Marginal Segura, aumentou sua presença de fiscalização e socorro operacional aos veículos.

Segundo a companhia, as vias ganharam a presença de mais 98 agentes em relação a 2016, além de câmeras de monitoramento e novos protocolos de interação com a Polícia Militar, Bombeiros e SAMU. Em 2017, foram feitas 34.616 remoções de veículos imobilizados nas vias, contra 22.636 em 2016, um aumento de 52%.

Matéria publicada na Folha de S. Paulo
 

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