Gestão Doria se compromete a zerar fila de exames complexos até março

GUILHERME SETO – FOLHA DE S. PAULO

A gestão João Doria (PSDB) comprometeu-se a equacionar a fila de exames de saúde complexos até março de 2018. A meta foi anunciada nesta quinta-feira (5), em evento de lançamento da segunda fase do programa Corujão da Saúde, que terá início em novembro.

Atualmente, segundo a Prefeitura de São Paulo, existe fila de 83.322 pessoas por procedimentos considerados mais complexos, ou seja, aqueles que requerem sedação ou levam muitas horas para serem executados. A média atual é de 120 dias de espera para agendamento de exames. A prefeitura promete colocar os exames complexos em prazos de espera de 30 dias para exames urgentes, e 60 dias para os demais exames, até março.

"Até o final de março nós pretendemos estar com a fila estabilizada com os prazos de 30 a 60 dias, como na primeira fase já alcançamos. É um compromisso. Esses exames têm muito mais surpresas que os outros [contemplados na primeira fase do Corujão]. O prefeito que nós demos datas exatas, então acho que dá para assumir esse compromisso", disse Wilson Pollara, secretário de Saúde.

"É uma desumanidade marcar exame para uma pessoa para daqui a um ano. Isso não vai ter mais", completou.

"Investimos muito na saúde preventiva. Estamos percebendo um aumento da pressão por saúde, não só em São Paulo. Nos últimos três meses, cresceu enormemente. É assim no Brasil inteiro", disse Doria. "Nossa orientação é para investir pesadamente em saúde."

A segunda fase do Corujão contemplará os seguintes exames: prova de função pulmonar completa; teste ergométrico; colonoscopia; monitoramento pelo sistema Holter; monitorização ambulatorial da pressão arterial; estudo urodinâmico; nasofibrolaringoscopia; e esofagastroduodenoscopia. A prefeitura recebe cerca de 30 mil pedidos desses exames por mês –no caso dos exames de imagem contemplados pela primeira fase do Corujão da Saúde, como ultrassonografias e radiografias, são 110 mil demandas.

Segundo estimativa da prefeitura, uma pessoa que entrasse na fila para um estudo urodinâmico (exame para identificar irregularidades no trato urinário), por exemplo, demoraria até 867 dias para ser atendida.

Além do atendimento em hospitais e clínicas na rede pública, o programa prevê a oferta de exames na rede privada. O custo estimado da nova fase do Corujão é de R$ 6 milhões.

O programa é uma vitrine na saúde municipal para Doria, que trava disputa interna no PSDB com o governador Geraldo Alckmin para a escolha do candidato do partido nas eleições à Presidência no ano que vem. Alckmin teve papel decisivo na escolha de Doria como candidato tucano na disputa municipal.

Para ser candidato ao Planalto ou ao governo paulista em 2018, o prefeito terá de deixar o cargo até o início de abril (seis meses antes da eleição).

PARCERIA

Doria ainda disse que anunciará em breve uma parceria com a Prefeitura do Rio de Janeiro para compra de medicamentos e insumos da área de Saúde.

"Estamos fazendo parcerias a partir da Frente Nacional de Prefeitos, parcerias com municípios para comprar mais e comprar melhor. Vamos fazer isso com o Rio de Janeiro. Vamos passar a fazer compras conjuntas com a cidade do Rio. Oportunamente vamos anunciar isso com o prefeito Marcelo Crivella (PRB). Vamos melhorar a qualidade do estoque e o preço também. Quem compra mais, compra melhor", disse o prefeito.

"Estamos terminando a formatação. [Compra conjunta de] Insumos e medicamentos. Se der certo, e tem tudo para dar, vamos estender para outras capitais", finalizou.

FILA

Na primeira fase, focada em exames baseados em imagem, como ultrassonografias e tomografias, o Corujão acabou com a lista de espera herdada da gestão Fernando Haddad (PT) até abril.

No entanto, três meses depois, uma nova fila surgiu, com outros exames e novos pacientes, mostram dados da Secretaria Municipal da Saúde enviados à Folha depois de pedido feito por meio da Lei de Acesso à Informação.

No total, há 128 diagnósticos com tempo médio de espera informado. Desses, 84% levam mais de 30 dias e 64%, mais de 60. O tempo médio de espera é de 89 dias. No total, a fila tem 215 mil procedimentos cada um pode se referir a mais de um paciente. O quadro já foi pior. Em janeiro, havia 485 mil na fila desde 2016, na gestão petista.

Fila de exames

A promessa
Zerar a fila dos principais exames em São Paulo até abril. Depois, o prazo seria normalizado em 30 dias. Posteriormente, Doria estendeu o limite para 60 dias

O que aconteceu
Lançado em janeiro com foco em exames de imagem, o programa Corujão da Saúde zerou os 485 mil procedimentos herdados da gestão Haddad, mas uma nova fila surgiu, com outros exames e novos pacientes

Situação da fila em jul.2017
– 89 dias é o tempo médio para a realização de um exame
– 214.637 é o total de procedimentos na fila

Matéria publicada na Folha de S. Paulo
 

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