A cada 3 dias capital de SP tem 2 casos de abuso sexual no transporte público

Dados são da Secretaria da Segurança Pública do Estado e são relativos apenas ao casos registrados no mês de setembro

POR ALEXANDRE PELEGI – DIÁRIO DO TRANSPORTE

Os dados são da Secretaria da Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP): foram registrados 388 casos de abuso sexual no transporte coletivo da região metropolitana apenas no mês de setembro, que sequer terminou.

Estes dados não contam os três novos casos que ocorreram nesta quarta-feira (dia 28), o que eleva o número de ocorrência a 391, média de 1,4 casos por dia.

O assédio tem se tornado viral não só na capital, como em muitas cidades do país.

Na quarta-feira (27/10), logo pela manhã, um homem de 26 anos foi preso em flagrante depois de ejacular em uma mulher em um ônibus no Tatuapé. O delegado acusou o homem de crime sexual mediante fraude. Mas como tem acontecido em casos semelhantes o juiz afirmou que penalmente o caso é considerado apenas uma contravenção. O homem vai responder em liberdade.

O segundo ocorrido na quarta-feira foi no  Imirim, Zona Norte da capital, também no interior de um ônibus.

Não é por acaso que a pesquisa de Mobilidade Urbana da Rede Nossa São Paulo, elaborada pelo Ibope Inteligência, divulgada neste mês de setembro, apontou o assédio sexual como o principal problema no sistema de ônibus na capital paulista.

A nota média dada pelos entrevistados neste quesito foi 2,6. A escala vai de 1 (péssimo) a 10 (ótimo).

De acordo com texto da organização, as piores notas sobre estes quesitos foram dadas por mulheres. Nas zonas Sul e Norte, os passageiros de ônibus em São Paulo são mais críticos em relação aos problemas dos assédios. Quem mora mais longe e, habitualmente, fica mais tempo no ônibus, diz sentir mais este tipo de problema.

A falta de segurança em relação ao assédio sexual é mais percebida por mulheres: 69% deram nota 1. Mas a pesquisa traz outros dados: tendem a ser mais críticas (nota 1, ou seja, péssimo) em relação ao assédio as pessoas entre 45 e 54 anos (69%), com escolaridade entre 5° e 8° ano do ensino fundamental (74%), renda média até 2 salários mínimos (61%) e que não possuem (54%) ou não utilizam (59%) carro.  Residentes das zonas Norte 2 (56%) e Sul 2 (68%) também são mais críticos em relação ao assédio nos ônibus.

Relembre: https://diariodotransporte.com.br/2017/09/18/pesquisa-da-rede-nossa-sao-paulo-revela-que-assedio-sexual-e-o-principal-problema-dos-onibus-na-capital/ 

A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado aprovou nesta quarta-feira (27) duas propostas que visam punir os casos de assédio, como os que têm acontecido com frequência no interior do transporte coletivo, de homens que ejacularam em passageiras.

Uma das propostas cria o crime de constrangimento ofensivo ao pudor. A outra tipifica o crime de molestamento sexual.

Alexandre Pelegi, jornalista especializado em transportes

Matéria publicada no portal Diário do Transporte

 

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