Alckmin e Doria aumentam em 14,8% bilhete de integração de ônibus e metrô

Após congelamento da tarifa unitária em R$ 3,80, tucanos anunciam reajuste do bilhete único mensal em 35,7% e do mensal integrado em 30%; cerca de 4,7 milhões de passageiros que usam transporte público devem ser atingidos pelos aumentos

Fabio Leite, O Estado de S. Paulo

Após congelarem em R$ 3,80 a tarifa básica de ônibus, trem e metrô na Grande São Paulo, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) e o prefeito eleito da capital, João Doria (PSDB), decidiram aumentar em 14,8% o preço do bilhete integrado de ônibus com trilhos (metrô ou trem), que subirá de R$ 5,92 para R$ 6,80. O reajuste passa a valer a partir do dia 8 de janeiro.

O aumento corresponde a mais do que o dobro do índice oficial de inflação projetado para 2016 pelo Banco Central, de 6,4%. O último reajuste do bilhete integrado ocorreu em janeiro deste ano (8,6%), junto com o aumento da tarifa comum, que era de R$ 3,50. Com a mudança, o desconto para quem usa dois transportes públicos diferentes no intervalo de até duas horas caiu de 22,1% para 10,5%, o mais baixo desde o início da integração, há dez anos.

Ao todo, seis modalidades de pagamento sofrerão algum reajuste a partir do dia 8, afetando cerca de 25% dos usuários de ônibus da capital (cerca de 1,5 milhão de passageiros por dia) e 48% dos passageiros de metrô (cerca de 2,2 milhões de usuários). No caso da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), os reajustes atingem 38% dos passageiros (cerca de 1 milhão de usuários).

O aumento mais significativo ocorrerá no bilhete único mensal, que passará dos atuais R$ 140 para R$ 190, alta de 35,7%, ou R$ 50 mais caro. Com isso, essa opção só passa a ser vantajosa para o passageiro que fizer mais de 50 viagens por mês – antes valia a pena para quem fizesse ao menos 37 viagens.

Já o bilhete mensal integrado (ônibus e trilhos) terá aumento de 30%, passando de R$ 230 para R$ 300, o que o torna vantajoso somente para quem fizer mais de 44 viagens por mês – e não mais 39. Juntos, eles são usados por cerca de 3% dos usuários do Metrô e da CPTM, ou 250 mil passageiros. Já o bilhete 24 horas comum (indicado para mais de 4 viagens por dia) subiu de R$ 10 para R$ 15 e o integrado de R$ 16 para R$ 20. 

Em decisão conjunta, Alckmin e Doria resolveram também extinguir o bilhete único semanal, que foi criado pela gestão Fernando Haddad (PT) em 2013 junto com o bilhete mensal, por causa da baixa adesão (menos de 0,05% dos usuários da rede).Todos esses bilhetes temporais não eram reajustados havia três anos.

Alckmin disse ontem que o objetivo das alterações nas tarifas era beneficiar o maior número de usuários sem comprometer a saúde financeira do Metrô e da CPTM, que têm sofrido com queda de passageiros e de receita. Segundo o governo paulista, os aumentos da integração e dos bilhetes temporais cobrem o prejuízo financeiro provocado pelo congelamento da tarifa básica. No caso dos ônibus, a equipe de Doria afirma que mesmo com as alterações tarifárias ainda será preciso buscar mais recursos para subsidiar o preço da passagem congelado. Estima-se que sejam necessários R$ 3 bilhões para cobrir o déficit em 2017. O orçamento é de R$ 1,7 bilhão.

O secretário estadual de Transportes Metropolitanos, Clodoaldo Pelissioni, disse que parte dos aumentos afeta usuários de vale-transporte, cujo custo recairá sobre o empregador. “Com isso, entre 2/3 e 3/4 não precisarão tirar nenhum dinheiro a mais do bolso para pagar as passagens”, disse. 

O secretário descartou alterar as gratuidades concedidas a idosos e estudantes “neste momento”, mas sugeriu que o benefício pode ser cortado dos passageiros com idade entre 60 e 64 anos que ainda trabalham. “Com a melhoria da qualidade de vida, tem muito jovem de 60 anos que trabalha. Esse nós consideramos que talvez não merecesse a gratuidade.”

Novos preços 

Tarifa básica – R$ 3,80 (sem mudança)
Bilhete Integrado Ônibus Municipal – Metrô/Trem – R$ 5,92 a R$ 6,80
Bilhete 24 horas Comum – R$| 10 para R$ 15
Bilhete 24 horas Integrado – R$ 16 para R$ 20
Bilhete Único Mensal Comum – R$ 140 para R$ 190
Bilhete Único Mensal Integrado – R$ 230 para R$ 300
Bilhete Semanal – Extinto

Matéria publicada no jornal O Estado de S. Paulo.

 

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