Ipiranga abriga a maior favela de São Paulo

Por Vagner de Alencar, do site 32xSP 

“Ouviram do Ipiranga as margens plácidas”. Cantado já no primeiro verso do Hino Nacional Brasileiro, o Ipiranga é um dos bairros mais mais antigos e importantes de São Paulo. Batizado em referência ao Riacho do Ipiringa, onde foi proclamada a Indepência do Brasil, o local é ainda reduto de alguns dos principais patrimônios históricos da cidade, como o Museu Paulista (Museu do Ipiranga e o Parque da Independência.

Também com um distrito de mesmo nome, somados a ele estão Cursino e Sacomã, administrados pela Subprefeitura do Ipiranga.

A professora de língua inglesa Letícia Franco, 43, mora na Vila Nair, um dos quase 40 bairros do distrito do Sacomã, que possui o maior número de habitantes entre o trio: 463 mil. Já o Cursino contabiliza 106 mil moradores. Enquanto o Ipiranga acumula 109 mil pessoas.

“O Ipiranga é uma região riquíssima em comércio. Tem todas as maiores lojas de departamentos, clínicas, assim como bares, restaurantes e um grande mercado”, afirma Letícia.

A subprefeitura local é uma das três mais populosas da zona sul, atrás da Capela do Socorro, com 594 mil e do Campo Limpo, com mais de 600 mil moradores.

Se por um lado no Ipiranga há muitos bairros considerados ricos, como Bosque da Saúde e Jardim da Saúde, no Sacomã está encravada Heliópolis, a maior favela da cidade.

Em uma área de quase um milhão de metros quadrados, em Heliopólis, que significa “cidade do sol”, vivem 200 mil habitantes, há 18 mil imóveis e 3 mil estabelecimentos comerciais, conforme levantamento da Unas (União de Núcleos, Associações dos Moradores de Heliópolis e Região).

Desde 14 de outubro de 2015, a Subprefeitura do Ipiranga é administrada por Edna Diva Miani Santos. Assistente social de formação, ela é funcionária de carreira há 40 anos na cidade, ocupando os cargos de coordenação de Serviço Social, superintendente e diretora em diversas regiões de São Paulo. Edna é uma das quatro subprefeitas da cidade, que tem oito vezes menos mulheres do que homens no cargo.

Região em indicadores

Embora estejam alguns dos monumentos históricos mais importantes do país, o indicador “cultura” ainda registra alguns índices baixos, segundo o Observatório Cidadão.

“Aqui tem o Sesc Ipiranga, o Museu do Ipiranga, que está fechado. A região do entorno do museu é bem legal para praticar esportes, como correr ou andar de bicicleta ou simplesmente dar um rolê”, afirma Letícia.

No entanto, o número total de salas de cinemas, mesmo que tenha aumentado de um para oito, entre 2006 e 2015, é considerado baixíssimo. A taxa é de 0,169 — para cada 10 mil habitantes.

“Realmente aqui não tem cinema e o trânsito é horrível. Mas, no geral, é bem legal morar aqui”, diz a professora que mora próximo ao Terminal Sacomã.

Com o total de oito museus, até 2015, a região está na média. Já a quantidade de centros culturais, espaços e casas de cultura, até o ano passado também registrava uma das piores taxas: 0,021. A subprefeitura, no entanto, não está sozinha. Outras 19 têm indicadores muito abaixo da média. Dez delas marcam zero unidades.

No aspecto saúde, a porcentagem de leitos hospitalares caiu nos últimos 11 anos. Embora esteja na média, com a taxa de 1,60 leito para cada 10 mil moradores, em 2006 havia 1.209 equipamentos. Em 2015, eram somente 756.

“Temos alguns postos do SUS e AMAS. Já utilizei e o atendimento foi satisfatório. Já hospital público, temos o Heliópolis. Nunca precisei utilizar, então não sei como é o atendimento”, ressalta Letícia.

Matéria publicada no site 32xSP.

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