Em queda no Estado, roubos se mantêm em alta na Grande SP

Na contramão da capital, região teve aumento de 4,3% nos casos em julho e de 3,4% no ano; Situação preocupa área onde policial e guarda morreram em assaltos –retaliação aos crimes é hipótese para 18 mortes.

Por André Monteiro e Rogério Pagnan

Na contramão do Estado de São Paulo e da capital paulista, os municípios da Grande SP ainda não conseguiram frear o aumento de roubos.

Os assaltos voltaram a crescer na região em julho –alta de 4,3%– e no acumulado dos primeiros sete meses do ano –3,4%– em relação ao mesmo período de 2014, segundo dados divulgados nesta terça (25) pelo governo Geraldo Alckmin (PSDB).

A situação preocupa a mesma região alvo da série de ataques que resultou em 18 mortes na noite do último dia 13.

A principal hipótese investigada pela polícia é que esses assassinatos em Osasco e Barueri tenham sido uma retaliação às mortes de um policial e um guarda civil que foram vítimas de latrocínio (roubo seguido de morte).

A tendência é oposta à de outras áreas com sucessivas quedas em assaltos. Em sete meses, os casos caíram 5,2% no Estado e 6,8% na capital –interrompendo a escalada de roubos do ano passado.

A distribuição do efetivo policial é considerada por especialistas como um dos fatores que mais influenciam os indicadores de roubos.

Dados de dezembro de 2013 da PM apontavam que a quantidade de policiais operacionais –que atuam diretamente no patrulhamento – nos 38 municípios da Grande São Paulo (9.289 agentes) era metade da existente na capital (18.204), embora a diferença entre a população das duas áreas fosse inferior a 25%.

No batalhão de Osasco, por exemplo, havia 392 homens, menos do que os 450 do batalhão de Higienópolis, na região central de São Paulo.

"O crime de rua é muito sensível à oferta de policiamento ostensivo, principalmente quando é feito por mapeamento criminal. A Grande São Paulo é muito complexa, mas pode estar havendo falha na distribuição", afirma José Vicente da Silva Filho, coronel da reserva da PM.

Questionada, a PM não forneceu dados mais recentes –disse não divulgar o número de policiais em cada local por "questões estratégicas".

Informou apenas que a destinação do efetivo leva em conta, além da população residente, "a população flutuante, os indicadores criminais e peculiaridades locais".

O governo diz que, considerando ainda outros crimes contra o patrimônio, houve queda de 7,1% na Grande SP e que, desde 2011, contratou 2.688 PMs para a região.

Pelo indicadores divulgados pela gestão Alckmin, os latrocínios aumentaram em julho no Estado (de 20 para 25 casos), embora haja queda no acumulado do ano. Já os homicídios mantiveram a tendência de diminuição.

Matéria originalmente publicada no jornal Folha de S. Paulo

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