Cantareira chega a 10,7% e ‘recupera’ a segunda cota do volume morto

Por Folha de S. Paulo

Com a falta de chuvas nos últimos dias, apenas dois dos seis mananciais da Grande São Paulo tiveram melhora de nível nesta terça-feira (24). O Cantareira, apesar de ter subido só 0,1 ponto percentual, atingiu 10,7% e conseguiu 'recuperar' o equivalente à segunda cota do volume morto.

O Cantareira abastece 6,2 milhões de pessoas na zona norte e partes das zonas leste, oeste, central e sul da capital paulista (eram cerca de 9 milhões antes da crise).

O sistema passou a utilizar a água do fundo das represas, chamado de volume morto, a partir do agravamento da crise hídrica no ano passado.

Quase todas as represas dos sistemas de abastecimento têm o chamado volume morto. Isso ocorre porque, normalmente, a captação não se dá no fundo dos reservatórios, mas muitos metros acima.

Já o volume morto –que fica, portanto, abaixo do ponto normal de captação– precisa ser retirado por bombas.

Sua utilização, dizem especialistas, pode ser comparada ao uso do cheque especial. Ambientalistas também apontam alguns riscos, como o de extinção de uma reserva técnica do manancial, por exemplo.

Hoje o Cantareira alcançou apenas o equivalente à segunda cota. A "recuperação" total das duas cotas de volume morto ainda segue distante. Para preencher o equivalente a elas, o sistema teria de subir até 29,2%, algo possível somente nas chuvas de 2015/2016.

A situação ainda é crítica no Cantareira, e o crescimento no nível do manancial tem sido menor nos últimos dias em relação ao registrado no início do mês. Em fevereiro, com as constantes chuvas dos 20 primeiros dias do mês, o Cantareira chegou a subir de um dia para o outro até 0,6 ponto percentual.

De acordo com reportagem da Folha desta terça-feira, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) decidiu adiar a divulgação do chamado "pacote de transparência" que preparava sobre a crise hídrica. A principal medida se referia ao chamado "gatilho" de um eventual rodízio de água.

Matéria publicada originalmente na Folha de S. Paulo.

 

Compartilhe este artigo