Prefeitura de São Paulo planeja ônibus sem cobrador em novos corredores

Por André Monteiro

A gestão Fernando Haddad (PT) planeja retirar os cobradores de ônibus das linhas que irão percorrer os futuros corredores de São Paulo.

O plano é adotar a medida nos corredores de padrão BRT, em que a cobrança da passagem é feita nas paradas, antes do embarque –como no corredor da Radial Leste.

A medida já era estudada pela gestão, mas ganhou força após manobra da base aliada de Haddad, na madrugada de sexta (19), que alterou lei de 2001 que exigia a presença de dois funcionários a bordo dos coletivos.

A mudança também abre caminho para a extinção do cobrador nas linhas regulares e ocorre no momento em que a prefeitura discute o novo preço da passagem. Os cobradores representam cerca de 15% dos custos do sistema, hoje em R$ 6 bilhões por ano.

O secretário municipal de Transportes, Jilmar Tatto, disse que não vai acabar com a profissão. "Considero que é importante ter o cobrador no sistema de transporte, talvez não em todas as linhas. Temos que estudar", disse. Para ele, o objetivo da lei é permitir "à prefeitura avaliar o sistema de uma maneira sem amarras".

Tatto, entretanto, reconhece que o profissional já foi abolido em diversos países. "Depois do Bilhete Único, com o término do dinheiro nos ônibus, a função do cobrador é muito pequena."

Valdevan Noventa, presidente do sindicato da categoria, disse que qualquer alteração, mesmo só nos corredores, vai causar desemprego. "Isso partiu da administração, com a conivência dos empresários. Não discutiram conosco, não vamos aceitar."

Haddad afirmou que não haverá demissões e que os cobradores serão treinados para outras funções. "Temos compromisso de garantir o emprego de quem está empregado. Quem está no sistema vai continuar no sistema."

A Câmara também aprovou mudança que possibilita a concessão de passe livre para estudantes –que representam 10% dos usuários de ônibus.

Tatto não detalhou a medida, mas disse que a ideia é conceder o benefício a todos os alunos de escola pública e aos de privadas com renda familiar per capita de até R$ 1.550.

O Movimento Passe Livre diz ver "mais um resultado da luta", mas classifica a medida de "insuficiente". "Talvez a prefeitura imagine que o passe livre para estudantes de baixa renda sirva para desmobilizar a luta. Então se engana. A luta por transporte não se restringe a uma categoria." 

Matéria originalmente publicada no jornal Folha de S. Paulo

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