Guardado há 3 anos, lodo do rio Pinheiros será levado a aterro

Por Eduardo Geraque

O governo de São Paulo vai, finalmente, remover de um terreno às margens do rio Pinheiros o lodo gerado por um projeto de despoluição fluvial abandonado há três anos.

O material foi gerado pela malsucedida flotação do rio -técnica que consiste em primeiro formar flocos de poluição para depois retirá-los- a qual consumiu R$ 160 milhões do Estado e foi deixada de lado em 2011.

Desde então, o lodo está armazenado em uma área próxima à usina de Pedreira e à represa Billings, na zona sul da capital paulista.

O governo agora vai desembolsar mais R$ 11,8 milhões para transportar o material até um aterro sanitário em Caieiras (Grande São Paulo).

Assim, atenderá a uma ordem judicial de 2012, que exigia que o lodo fosse levado a um local preparado para receber esse tipo de dejeto.

Da forma como está armazenado hoje, ele pode contaminar o ambiente, oferecendo riscos à saúde pública. Além disso, está perto de áreas residenciais, e seu mau cheiro, semelhante ao de ovo podre, pode se espalhar pelo ar.

"Vamos retirar 35 mil toneladas de lodo com segurança, por meio de carretas, até o aterro", diz Aldérico Marchi, da empresa Enfil, que ganhou licitação para fazer o serviço.

Antes do transporte, o material passará por tratamento, que reduzirá seu potencial de contaminação. Só então, ele será levado ao aterro, a quase 60 km de distância.

Os procedimentos de remoção devem começar nos próximos dois meses.

Abandono

O governo paulista anunciou em 2001 que usaria a tecnologia da flotação para despoluir o rio Pinheiros. À época, especialistas criticaram a medida, afirmando que ela seria ineficiente.

Dez anos depois, o governo abandonou o método, por avaliar que ele não era capaz de barrar a presença de esgoto na água e que gerava grande volume de lodo.

O resíduo virou alvo de uma ação do Ministério Público, que exigia a limpeza de leito e margens do rio.

Até hoje, nenhuma outra técnica foi adotada para limpar as águas do Pinheiros.

Segundo especialistas, uma despoluição viabilizaria mais projetos de navegação e tornaria a convivência com o rio mais agradável.

Pedestres e ciclistas que passam pelas margens do Pinheiros sempre reclamam do forte odor do rio, principalmente em dias de calor.

A limpeza do rio também poderia restabelecer a qualidade de suas águas para abastecimento público.

Elas poderiam ser bombeadas com mais frequência para a represa Billings e serem mais usadas para fornecer água à região metropolitana.

Atualmente, por causa da forte poluição, as águas do rio são revertidas para abastecimento apenas durante alguns dias do ano. O Pinheiros, normalmente, despeja suas águas sujas no rio Tietê.

Matéria originalmente publicada no jornal Folha de S. Paulo

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