“Ciclofaixa vira remendo em plano de mobilidade” – Metro

Cinco anos após a sociedade civil apresentar à prefeitura um plano de mobilidade para a capital, a oferta de ciclovias pouco avançou na cidade. Hoje, a capital conta com 57,7 km de faixas permanentes para bicicletas e outros 125 km que só funcionam aos domingos e feriados, as ciclofaixas e ciclorrotas. Segundo o coordenador executivo da Rede Nossa São Paulo, Maurício Broizini, o programa de mobilidade previa a implantação de ciclofaixas de lazer para os motoristas aprenderem a compartilhar as ruas com os ciclistas para que, em seguida, as vias permanentes fossem implantadas. “Levamos o projeto em 2007 e vimos que as coisas são muito demoradas”, diz o coordenador.

Broizini diz que bicicleta deve ser integrada ao transporte diário, e não somente aos domingos, quando é usada para o lazer. Ele avalia que a capital sofre com a falta de vontade política.
“Essa é uma questão que mexe com interesses. A Câmara aprovou, em 2011,  R$ 15 milhões para elaboração de um plano de mobilidade que não foram usados. A cidade não tem um plano
de mobilidade”, diz.

O ciclista Eduardo Santos, de 28 anos, que vai de bicicleta para o trabalho, no Brooklin, zona sul, diz que as vias reservadas para as bikes não são interligadas, o que impede a troca do carro
pela bicicleta. “Isso ocorre na ciclovia de Moema. Como não há ligação com as outras faixas, não há um fluxo grande de bicicletas.” 

Outras cidades

A cidade de Nova York, nos EUA, conta hoje com mil km de faixas exclusivas para bicicletas. “A diferença é que os EUA começaram a pensar nas ciclovias há muitos anos. São Paulo começou agora”, diz o engenheiro de trânsito da CET, Luis Molist Vilanova. O especialista em trânsito Luis Célio Bottura diz que a implantação das ciclovias deve ser lenta. “Muito se avançou. É preciso fazer testes antes de implantá-las definitivamente para que não haja uma perda de tempo e dinheiro.”
Já o engenheiro e mestre em transporte pela Poli, Sérgio Ejzenberg, afirma que as ciclovias devem ser feitas em vias paralelas às grandes artérias. Ejzenberg destaca que as faixas de tráfego na capital, para dar mais fluxo aos veículos, foram estreitadas, o que oferece um risco elevado para os ciclistas. “Não há espaço para os ciclistas nas ruas de São Paulo.” O especialista em trânsito ressalta que ampliar as ciclovias não será a solução para cidade. “Em uma metrópole com 11 milhões de habitantes, o transporte de massa deve ser a prioridade do governo.”

Ciclovia está nos planos, diz CET

Procurada, a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) informou que o investimento nas ciclovias está nos planos do órgão e que o tema é discutido em reuniões periódicas por um
grupo que envolve seis secretarias e organizações de cicloativistas. 

A CET diz que o plano cicloviário prevê, além da expansão da infraestrutura para bicicletas, a adoção de medidas de educação para o compartilhamento seguro do espaço viário entre
veículos e ciclistas.  O órgão de trânsito afirma que as ciclofaixas são a primeira experiência com
bicicletas e que, portanto, incentivam seu uso com a forma de deslocamento.

A prefeitura informa que está em andamento uma licitação para implantar mais 55 km de ciclovias, ciclofaixas e rotas de bicicletas nas regiões norte, sul e leste da cidade. Além disso, ainda neste ano começam os cursos para orientar e conscientizar os ciclistas sobre como se comportar no trânsito. A grade oferece aulas teóricas e práticas.
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