Alunos do CIEJA Butantã debatem mobilidade e escrevem sobre o tema

 

Estimulados pela professora Elisabet Gomes do Nascimento, estudantes refletiram sobre as deficiências do transporte público e os danos causados à saúde pelo trânsito da cidade

Airton Goes airton@isps.org.br

Pelo segundo ano consecutivo, estudantes do Centro Integrado de Educação de Jovens e Adultos – CIEJA do Butantã debateram questões ligadas ao trânsito da cidade e elaboraram textos sobre a Semana da Mobilidade e o Dia Mundial sem Carro.

As deficiências do transporte público, os danos causados pela emissão de poluentes dos automóveis e o aumento da violência no trânsito foram alguns dos assuntos discutidos pelos alunos que cursam o módulo 4 – que corresponde à 7ª e 8º série do ensino fundamental.

Eles participam de um projeto desenvolvido pela professora Elisabet Gomes do Nascimento, que estimula a reflexão dos alunos sobre os problemas da cidade. No mês de setembro, o tema foi mobilidade urbana.

De acordo com a professora, as informações divulgadas no portal da Rede Nossa São Paulo ajudou muito no processo. “Analisamos as políticas de mobilidade de Bogotá e de Copenhague, que conseguiram reduzir o trânsito restringindo o uso do automóvel particular, e utilizamos os relatos dos próprios alunos em seus trajetos cotidianos, de casa para o trabalho e do trabalho para a escola”, relatou Elisabet.

Ela informou, ainda, que os alunos responderam a consulta Você no Parlamento.

Veja os textos elaborados pelos alunos do CIEJA Butantã:

Vida X Carros

Carro quando bate
Sangue esparrama pelo chão
E a mãe desesperada
À Deus faz uma oração
Oh! Meu Deus dai juízo
a essa gente, tô pedindo.
Tô pedindo, é urgente 
Eu tô tão amargurada
Na solidão mergulhada
Eu perdi meu filho    
Que perdeu o seu amigo
Que perdeu um conhecido 
Não troque a vida por um carro
Se quebrar, conserta-se
Se morrer, não tem volta
É o que vemos acontecer toda hora
Nas rodovias, nas ruas e avenidas
Carros batidos e pessoas mortas
Mais uma má notícia e quem se importa?
Nada muda e muitos se revoltam
Vamos nos unir e fazer essa realidade mudar
Vamos dar mais valor a vida.

Stephanie Sanches, Ester Rosa Pereira e Givonete dos Santos                                    
                

A cidade dos sonhos

Gostaria que São Paulo, no final deste século, estivesse totalmente reprojetada para nós, seres humanos.
Sei que não estarei mais aqui, mas meus descendentes estarão.
Gostaria que tivessem uma qualidade de vida melhor do que a minha.
Por exemplo, que o rio Tietê estivesse limpo, navegável, incorporado à cidade servindo como via de circulação fluvial e como área de lazer.
Ruas e avenidas com muitas ciclovias e ciclofaixas, com um sistema de transporte público sustentável, eficiente e confortável, por toda a cidade.
Sem congestionamentos, sem o stress dos 7 milhões de automóveis que circulam por dia poluindo o ar diariamente, provocando doenças e acidentes pois a mesma foi projetada para a mobilidade dessas máquinas.

Ronildo Soares Ferreira


Um ciclista na selva de pedra

O tempo que eu gasto de ônibus da minha casa no Butantã até a Avenida Higienópolis, dura uma hora e quarenta minutos. O mesmo percurso de bicicleta leva cinqüenta minutos.
Por que a prefeitura não faz uma ciclovia no canto direito das vias por onde correm as enxurradas? Tem mais ou menos uns cinqüenta centímetros.  O suficiente para nós ciclistas. É minha opinião.

Roberto Soares dos Santos


Cidade para as pessoas e não para os carros

No mundo em que vivemos, daqui a pouco não vamos conseguir se locomover. Os automóveis estão tomando conta de todos os lugares. Sem falar nas doenças, no aquecimento global e nas mudanças climáticas provocadas pelo uso excessivo dos automóveis.
E a sociedade mundial tá preocupada?
Os governos estadual e municipal de São Paulo deveriam investir mais em metrô, trem, ciclofaixa e ciclovia, além de aumentar e melhorar a frota de ônibus, pois perde-se muito tempo esperando no ponto e quando chega, vem lotado e a falta de segurança e o desconforto são muito grandes. Por esses e outros motivos no dia 22/9, toda a população deveria fazer uma passeata pelo DIA MUNDIAL SEM CARRO.

Sineide e Lucimar


Sonhar não custa nada

João chegou em casa, após mais um dia de trabalho e trânsito cansativo. Após o jantar, deitou-se no sofá para assistir ao noticiário. Horas depois, João levanta, toma seu café e sai para o trabalho. De imediato ele nota que algo está muito diferente.
Havia muitas pessoas a pé, muitas bicicletas e mais transportes coletivos nas ruas. Mais estranho ainda foi não ver um automóvel sequer, o ônibus passar pontualmente e conseguir entrar sem o empurra-empurra de sempre e ainda ocupar um dos assentos disponíveis. Ao longo da viagem, ficou espantado de não haver congestionamento. Tudo estava uma maravilha: chegou até adiantado no serviço pela primeira vez e ainda deu tempo de tomar um cafezinho.
De repente, sente um chacoalhão e a voz de sua filha: “pai, pai, tá na hora de acordar”. João levanta-se e lamenta: “que pena, tudo não passou de um sonho”.

Roseli Almeida e Narciso Ribeiro


O Dia Sem Carro

Seria um dia sem poluição do ar e sonora.
Seria um dia mais claro e respiraríamos bem.
Os idosos, os cadeirantes e as crianças andariam mais tranquilos e seguros. 
Não teria acidentes nem mortos.
Não teria congestionamentos, chegaríamos mais cedo em casa e mais horas de sono.    
Gostaria que daqui por diante, todos os dias fossem assim.

Osmarina Lopes e Cleuza Peixoto


Manifesto – Desabafo

Nós que andamos por São Paulo, observamos e sentimos na própria pele, o quanto esta cidade é hostil para quem anda a pé e para o ciclista. A começar pelas péssimas condições de circulação das calçadas e sem falar no desrespeito a faixa de pedestre, além da falta de ciclovias e ciclofaixas.
O poder público deveria investir prá valer em metrô, trem de superfície, corredores de ônibus em toda a cidade.
Deveria também oferecer desconto no IPTU para as empresas, condomínios e prédios residenciais, que praticassem a carona solidária. Quantos amigos faríamos diminuindo a solidão motorizada? Quantos automóveis deixariam de circular e como melhoraria o trânsito na cidade? Sem falar na melhoria da qualidade do ar. Já pensou quanto tempo ganharíamos a mais com nossas famílias, descansaríamos mais, teríamos mais tempo para estudar, para ler, para o lazer? Quantas vidas pouparíamos?
Estamos desabafando e sugerindo tudo isso, estimulados pela “Semana da Mobilidade e Dia Mundial sem Carro”. É uma chance que temos de nos fazer ouvir.

Alunos do módulo 4-O

 

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