Instituto Pólis se torna Pontão de Cultura de Convivência e da Paz

O Instituto Pólis está lançando o Pontão Temático da Cultura de Convivência e da Paz, em convênio com o programa Cultura Viva do Ministério da Cultura. Destinado basicamente à juventude, o espaço terá como foco a formulação e a troca de conhecimentos e práticas que busquem a convivência plural. O pontão pretende contribuir para articular outros pontos de cultura de paz no País e gerar propostas de políticas para a juventude. A seguir, leia a entrevista com o coordenador do pontão, Hamilton Faria, divulgada no site do Instituto Pólis.

Conte um pouco sobre qual é o papel, metodologia e as tarefas práticas de um pontão de cultura e também de seus objetivos.
Hamilton Faria – Um pontão temático como o nosso deve contribuir na articulação de outros pontos em torno de seu tema, no caso, a Cultura de Paz e Convivência, gerando propostas e valores para juventude. A nossa missão é implantar os valores metodológicos e políticos da Cultura de Paz e Convivência nos Pontos de Cultura e contribuir para articulações nacionais do Ministério da Cultura. Para cumprir com esse objetivo, iremos criar um campo de ausculta com jovens, com metodologia própria em 20 pontos. De início, isso será feito em estados mais próximos à São Paulo, para desdobrar-se no próximo convênio em regiões mais distantes. A ideía é criar uma metodologia que possa possibilitar fazer auscultas socioculturais em qualquer cenário. A primeira tarefa prática operacional do Pontão é montar a estrutura e a equipe. Conceitualmente, é definir metodologias de ausculta, capacitar os auscultadores e auscultar os pontos. Este material vamos sistematizar e colocar em rede. Vamos também colocar conteúdos na rede web em parceria com o IPSO (Instituto de Pesquisas e Projetos Sociais e Tecnológicos).

De que maneira o Pontão pode colaborar na criação e melhorias das políticas públicas em cultura na cidade de São Paulo?
HF – Este é um processo que está começando, ainda não sabemos de todos os desdobramentos. A própria existência de um Pontão ativo desta natureza já traz incidências sobre políticas públicas. É o caso do Movimento Nossa São Paulo que já incluiu a Cultura de Paz em sua plataforma cultural. Conversaremos com a Câmara dos Vereadores, particularmente sua Comissão de Juventude, já estamos em relação com candidatos à prefeitura da cidade. Pretendemos reativar o Conselho Municipal de Cultura de Paz criado pelo Vereador Nabil Bonduki em 2003. Mas como eu disse, os desdobramentos são muitos e imprevisíveis: articulação com redes de cultura de paz, encontros internacionais e locais. Na próxima semana apresentarei a proposta para a Comissão Justiça e Paz e em breve para a Secretaria Nacional de Direitos Humanos.

Quais serão as principais atividades do Pontão?
HF – Neste primeiro ano, sem dúvida, nossa principal ação será as auscultas e todo o aprendizado decorrente delas e dos os seus acúmulos e elaborações. No segundo ano partiremos para a formulação de propostas de politicas públicas de Cultura de Convivência e Paz com a realização de encontros regionais e nacional. No terceiro ano, sistematizaremos mais profundamente a metodologia, faremos um livro com resultados qualitativos, quantitativos e metodológicos, além de um video apresentando os melhores momentos.

O Pontão inclui o Grupo de Diálogo e o Conselho de Paz. Quais serão as funções destes espaços? HF – O Grupo de Diálogo será formado por especialistas em várias áreas, jovens dos pontos de cultura, jovens não integrantes de pontos, membros de Pontões e especialistas em Cultura de Paz. Será o balizador conceitual de todo o trabalho. Deverá se reunir uma vez por mês com atividades abertas. Já o Conselho de Paz dará a legitimidade pública do trabalho. Deverão estar presentes pessoas dos Pontos e Pontões e outras pessoas social e culturalmente transformadoras do país e do exterior.

Quais são suas expectativas e os desafios para o Pontão?
HF – O trabalho é pioneiro: não há nenhum outro trabalho no país com estas características. Por isso, os desafios são muitos, temos tudo a criar e construir, dos conceitos às poéticas; do concreto-real (para lembrar Guimarães Rosa), até os seus símbolos mais fortes; do envolvimento dos jovens até a formação de uma equipe que tenha a paz como fundamento de sua ecologia interior; do trabalho educativo entre os técnicos do Pólis, ao trabalho com as ações de políticas públicas de cultura para convencê-los da transversalidade do tema, em suas ações até a sua inclusão no Plano Nacional de Cultura. Enfim, a Cultura de Paz é a alma do reencantamento do mundo, sem ela não haverá mudanças substanciais, equilibrio planetário e mundos poéticamente habitáveis.


 

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