Ex-reitor da USP é o novo secretário estadual da Saúde de São Paulo

Marco Antônio Zago assume no lugar de David Uip, que deixa o cargo após 4 anos e sete meses

Folha de S. Paulo

O ex-reitor da USP Marco Antônio Zago, 71, foi anunciado, nesta segunda-feira (16), como o novo secretário estadual de Saúde de São Paulo no lugar do médico David Uip, que deixou o cargo após quatro anos e sete meses. Uip deve assumir a diretoria-geral da Faculdade de Medicina do ABC. 

A coluna Mônica Bergamo já havia antecipado o desejo do governador Márcio França (PSB) de nomear Zago para o cargo, o que foi confirmado em nota divulgada no final da tarde. 

Médico, Zago iniciou sua carreira como professor da Faculdade de Medicina da USP de Ribeirão Preto, onde ajudou a desenvolver os primeiros trabalhos de genoma (mapeamento do código genético) no Brasil. Foi um dos cientistas do genoma da xylella fastidiosa, bactéria que ataca os laranjais. O estudo foi capa da prestigiosa revista científica “Nature”, em julho de 2000.

Ele também foi presidente do CNPq (agência ligada ao Ministério da Ciência), de 2007 a 2010, participando da criação de uma rede nacional de institutos de ciência, e foi pró-reitor de pesquisa da USP antes de se tornar reitor em janeiro de 2014.

Com perfil discreto e apaziguador, Zago assumiu o comando da maior universidade do país com o desafio de gerir as finanças da instituição. Para isso, lançou mão de ações como planos de demissão voluntária e congelamento de contratações e obras. O HU (Hospital Universitário), por exemplo, teve de reduzir atendimentos por falta de profissionais. 

Nos últimos anos como reitor, ele chegou a propor um plano para desvincular o hospital da universidade, repassando a unidade para o governo do Estado. O repasse, entretanto, foi barrado no Conselho Universitário.

"O hospital infla o número de funcionários porque precisa, mas ter hospital não é necessário para ensinar profissões da saúde, e a maioria das universidades não têm", chegou a dizer em entrevista para a Folha. "A maior parte do curso é feito no complexo do Hospital das Clínicas –a universidade gasta zero lá– e na rede básica municipal", completou na ocasião. 

Quando assumiu o cargo de reitor, em 2014, a folha de pagamento da USP comprometia praticamente todos os recursos recebidos pelo governo paulista. No ano de 2017, o comprometimento com a folha salarial representava 96,41% dos R$ 4,6 bilhões recebidos pelo Tesouro estadual. Apesar de alto, esse índice foi o menor desde 2012, quando a situação da universidade ainda era confortável e suas poupanças, robustas.

Matéria publicada na Folha de S. Paulo

 

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