51% dos paulistanos já vivenciaram ou presenciaram situações de preconceito contra LGBT+

Esse é um dos resultados da pesquisa “Viver em São Paulo: Diversidade”, que foram divulgados nesta terça-feira (22/5) pela Rede Nossa São Paulo e Ibope Inteligência, em parceria com o Sesc.

Por Airton Goes, da Rede Nossa São Paulo

Divulgados nesta terça-feira (22/5), os resultados da pesquisa “Viver em São Paulo: Diversidade” revelam que pouco mais da metade dos paulistanos (51%) já vivenciaram ou presenciaram situações de preconceito contra pessoas LGBT+ (lésbicas, gays, bissexuais, transexuais e outros gêneros) em espaços públicos. 

Questionados se vivenciaram ou presenciaram a mesma situação especificamente no transporte público, 46% dos entrevistados responderam que sim. Com índices ligeiramente inferiores, as situações de preconceito contra esse segmento da sociedade também são percebidas em escolas e faculdades (39%), shoppings e comércios (39%), bares e restaurantes (38%), no ambiente de trabalho (35%) e até na família (34%). 

Índice de LGBTfobia entre os paulistanos é de 0,46

Divulgada pela Rede Nossa São Paulo e Ibope Inteligência, em parceria com o Sesc São Paulo, a pesquisa inédita traz uma novidade, que é o “Índice de LGBTfobia” da população paulistana. O indicador é o resultado das respostas a diversas questões que envolvem a população LGBT+ e visam saber se as pessoas entrevistadas são “a favor”, “nem a favor nem contra” ou “contra” as situações apresentadas.

Por exemplo, 54% das pessoas responderam que são favoráveis a “leis de incentivo à inclusão de LGBT+ no mercado de trabalho”. Por outro lado, 16% se posicionam contra a ideia, enquanto 25% disseram que “não são a favor nem contra”. Outros 5% falaram que não sabem ou não responderam.

Entre as outras situações que receberam mais respostas “a favor” estão: “pessoas transexuais e travestis adotarem o nome social, ou seja, o nome pelo qual preferem ser chamados(as)”, com 53% de favoráveis; “adoção de crianças por casais homossexuais”, 51%; e “casamento entre homossexuais”, 45%.

Já os maiores percentuais de respostas “contra” foram registrados nas perguntas que envolvem situações mais íntimas ou próximas das pessoas: “banheiros unissex, ou seja, sem demarcação de gênero”, com 52% de contrários; “pessoas do mesmo sexo demostrarem afeto, como beijos e abraços, em locais públicos”, 43%; e “pessoas do mesmo sexo demonstrarem afeto, como beijos e abraços, na frente de seus familiares”, 38%. 

Agregadas todas as respostas e considerando que “a favor” representa zero (o menor índice da escala), “contra” é igual a 1,0 (o maior índice da escala) e “nem a favor nem contra” e “não sabe/ não respondeu” são registradas como 0,5, o “Índice de LGBTfobia” entre os paulistanos revelado pela pesquisa é 0,46. 

Como o indicador (0,46) está ligeiramente abaixo de 0,5, a conclusão é que a população de São Paulo se posiciona timidamente favorável às questões que envolvem o segmento LGBT+ (lésbicas, gays, bissexuais, transexuais e outros gêneros).

Porém, analisando as repostas separadamente é possível perceber que os paulistanos, de forma geral, são mais favoráveis às questões ligadas à população LGBT+ quando as situações apresentadas estão longe de seu cotidiano. Quando a situação envolve uma proximidade ou convivência mais íntima com essas pessoas, os paulistanos demonstram maior preconceito.

Outro dado importante da pesquisa é que o grupo mais favorável a questões relacionadas à população LGBT+ é composto por mulheres, mais escolarizadas, com renda familiar de mais de 5 salários mínimos e com idade entre 25 e 34 anos. 

Na outra ponta, o perfil predominante no grupo dos contrários é composto por homens, menos escolarizados, com renda familiar de menos de 2 salários mínimos e com mais de 55 anos. 

Cidade tolerante 

Estimulados a atribuir nota de 1 a 10 para o grau de tolerância de São Paulo em relação a esse segmento da sociedade, metade dos entrevistados deram notas de 7 a 10, revelando uma percepção de tolerância da cidade. Para 23%, a capital paulista é avaliada como “nem tolerante, nem intolerante” e o mesmo percentual (23%) a considera “intolerante”. Outros 4% dos entrevistados não souberam ou preferiram não responder a essa questão.

Avaliação da administração municipal

De acordo com a pesquisa, 46% dos entrevistados consideram que a Prefeitura de São Paulo tem feito pouco para combater a violência contra a população LGBT+, enquanto 28% afirmam que ela não tem feito nada. Apenas 8% dos entrevistados afirmam que a administração municipal tem feito muito para garantir a segurança desses cidadãos paulistanos. O percentual dos que não souberam ou preferiram não responder ficou em 18%.

Sobre a pesquisa

Foram entrevistadas 800 pessoas de 16 anos ou mais, entre os dias 5 e 22 de abril de 2018. A margem de erro é de 3 pontos percentuais para mais ou para menos sobre os resultados encontrados no total da amostra. 

A apresentação dos resultados do levantamento “Viver em São Paulo: Diversidade” foi realizada em um evento público, no Sesc Pinheiros.  

Confira aqui a apresentação da pesquisa “Viver em São Paulo: Diversidade”

Confira aqui a pesquisa completa, com todas as tabelas 

Leia também: Análise da pesquisa “Viver em São Paulo – Diversidade”

 

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