Pesquisa do Instituto Cidades Sustentáveis e Ipec, lançada em alusão ao Dia Mundial do Meio Ambiente, revela que o calor excessivo é o impacto mais citado
O Instituto Cidades Sustentáveis, em parceria com o Ipec e o Sesc-SP, divulga os resultados da primeira edição da Pesquisa Viver nas Cidades: Meio Ambiente e Mudanças Climáticas. O estudo traz dados inéditos sobre a percepção da população urbana de dez capitais brasileiras em relação aos problemas ambientais locais e aos impactos das mudanças climáticas.
A pesquisa foi lançada em evento presencial e gratuito no Centro de Pesquisa e Formação do Sesc, em São Paulo no dia 3 de junho. O levantamento ouviu internautas maiores de 16 anos, residentes há pelo menos dois anos em Manaus, Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo, Porto Alegre e Goiânia.
Principais problemas ambientais nas capitais brasileiras
O problema ambiental mais citado pelos entrevistados foi a poluição do ar, mencionada por 52% dos respondentes. Em seguida aparecem a poluição sonora (34%) e as enchentes e alagamentos (32%). A percepção, no entanto, varia entre as capitais:
- São Paulo (71%), Manaus (54%), Belo Horizonte (52%), Fortaleza (42%) e Rio de Janeiro (41%) destacaram a poluição do ar como o maior problema.
- Porto Alegre (60%) apontou as enchentes como o principal desafio ambiental.
- Salvador (44%) lidera em percepção de poluição sonora.
- Recife (43%) destacou a poluição dos rios e mares.
- Belém (40%), o sistema de esgoto.
- Goiânia (39%), a falta de coleta seletiva de lixo.
Esses dados mostram como os desafios ambientais são diversificados e refletem realidades locais distintas, demandando políticas públicas específicas e eficazes em cada território.
Impactos das mudanças climáticas: calor excessivo preocupa
O calor excessivo é o principal impacto das mudanças climáticas para 49% dos entrevistados. Essa percepção lidera em nove das dez capitais ouvidas. A única exceção é Porto Alegre, onde enchentes e inundações são apontadas como o maior impacto climático (36%).
Outros impactos citados com frequência são:
- Poluição do ar (17%)
- Aumento no preço dos alimentos (11%)
Os dados reforçam o quanto as alterações no clima já afetam o cotidiano das pessoas, especialmente em centros urbanos densamente povoados e com infraestrutura vulnerável.
Governos municipais têm papel decisivo no enfrentamento das mudanças climáticas
Segundo a pesquisa, 82% dos entrevistados acreditam que as prefeituras podem contribuir significativamente no combate às mudanças climáticas. Entre as ações mais apontadas como necessárias estão:
- Controle ao desmatamento e à ocupação de áreas de manancial (54%)
- Redução do uso de combustíveis fósseis no transporte público e na frota da prefeitura (52%)
- Ampliação de áreas de preservação ambiental (52%)
- Destinação adequada de resíduos sólidos, como reciclagem e compostagem (52%)
- Construções sustentáveis, com uso de técnicas e materiais ecológicos (35%)
Esses dados indicam que a sociedade espera das gestões locais ações integradas e contínuas no enfrentamento das crises ambientais e climáticas.
Evento de lançamento da pesquisa
O evento de apresentação dos resultados foi realizado no dia 3 de junho, no Centro de Pesquisa e Formação do Sesc, em São Paulo. A programação contou com a apresentação dos dados e um debate com especialistas em meio ambiente e mudanças climáticas.




Participaram do debate: Isvilaine da Silva Conceição, Integrante da equipe do Observatório do Clima, ativista climática e formada em engenharia ambiental; Maíra Rodrigues, Coordenadora da área de Combate ao Racismo Ambiental do Instituto de Referência Negra Peregum; Luna Zarattini, Vereadora, Presidenta da Comissão de Direitos Humanos, advogada e cientista social pela Universidade de São Paulo (USP) e mediação de Manoela Cruz, Mestra em Sociologia das Relações Raciais e comunicadora socioambiental.
Realizada com apoio da União Europeia e no âmbito do Programa Cidades Sustentáveis, a pesquisa tem como objetivo ampliar o conhecimento sobre como as pessoas percebem os problemas ambientais e climáticos em seu território. O projeto conta ainda com a parceria da Frente Nacional de Prefeitas e Prefeitos (FNP) e da Estratégia ODS.