O levantamento do Instituto Cidades Sustentáveis, em parceria com o Ipec, revela que ruas e espaços públicos são os locais onde o assédio contra mulheres ocorre com maior frequência.
A pesquisa Viver nas Cidades: Mulheres, realizada pelo Instituto Cidades Sustentáveis em parceria com o Ipec – Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica, revela que 3 em cada 4 mulheres já sofreram algum tipo de assédio nas dez maiores capitais do país. O estudo foi apresentada no dia 11 de março em um evento presencial e gratuito no Centro de Pesquisa e Formação do Sesc.
O levantamento contou com 3.500 entrevistas online, abrangendo as cidades de Manaus, Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo, Porto Alegre e Goiânia. As respostas foram coletadas considerando variáveis como sexo, idade, classe social e ocupação.
O evento também contou com um painel de debate com a participação de Bianca Santana, jornalista e doutora em ciência da informação; Joice Berth, urbanista, escritora e psicanalista; e Marina Bragante, vereadora (REDE-SP). A mediação foi conduzida pela jornalista Débora Freitas, apresentadora do Ponto Final CBN.




Violência e assédio contra as mulheres
A pesquisa mostra que 75% das mulheres que vivem em dez das maiores capitais brasileiras já sofreram algum tipo de assédio. Porto Alegre é a cidade que apresentou o maior percentual (79%); Belo Horizonte e Fortaleza, o menor (68%). Além dessas três cidades, a pesquisa foi realizada também em Belém, Goiânia, Manaus, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo.
A rua e outros espaços públicos (como praças e parques) são os lugares onde mais ocorre esse tipo de situação. Do total de mulheres entrevistadas, 56% disseram que sofreram assédio nesses locais. O transporte público aparece na segunda posição (51%), seguido pelo ambiente de trabalho (38%) e bares e casas noturnas (33%).
A figura abaixo mostra o percentual de mulheres que dizem os locais em que já sofreram assédio:
A pesquisa investigou também quais são as medidas que devem ser adotadas para enfrentar o problema, na percepção da população. Aumentar as penas de quem comete violência contra a mulher recebeu o maior número de menções (54%). Em seguida, aparecem: ampliar os serviços de proteção a mulheres em situação de violência em todas as regiões da cidade (49%) e agilizar o andamento da investigação das denúncias (40%).
Divisão de tarefas domésticas entre homens e mulheres
A pesquisa perguntou a homens e mulheres como é feita a divisão de tarefas em casa. Considerando o total da amostra (a resposta de todos os gêneros), 40% disseram que os afazeres são divididos igualmente entre homens e mulheres; para 36%, são de responsabilidade de homens e mulheres, mas as mulheres fazem a maior parte; 5% disseram que são responsabilidade apenas das mulheres; outros 5% que moram com pessoas do mesmo sexo; e 10% responderam que moram sozinhos.
Quando se observa o recorte por gênero, no entanto, a diferença dos percentuais é bastante acentuada. Por exemplo: 51% dos homens dizem que as tarefas domésticas são divididas igualmente, mas, entre as mulheres, esse valor cai para 29%.
Entre os homens, 28% responderam que os afazeres são de responsabilidade de homens e mulheres, mas as mulheres fazem a maior parte. Entre a mulheres, esse percentual sobe para 43%.
Confira os dados completos da pesquisa: