Prefeitura de SP retoma projeto de corredor de ônibus na Radial Leste

Bruno Covas ouvirá iniciativa privada para escolher modelo de implantação e manutenção

Fabrício Lobel – Folha de S. Paulo

A Prefeitura de São Paulo anunciou na sexta-feira (11) que quer retomar o projeto de construção de corredor de ônibus na Radial Leste, anunciado desde 2011, mas que até agora não saiu do papel. A ideia agora é construir um BRT (via rápida de ônibus) sob o nome de Rapidão. A Radial Leste é a principal ligação viária da populosa zona leste com o centro da cidade.

Para isso, a prefeitura abrirá espaço para que construtoras enviem projetos de exploração financeira do corredor, num processo chamado PMI (Procedimento de Manifestação de Interesse) que deve durar até janeiro de 2019. A prefeitura acredita que o modelo mais viável seja o de PPP, em que a iniciativa privada se comprometa com a construção e manutenção da estrutura, enquanto o município pague uma taxa ao longo de até 35 anos.

As propostas das empresas deverão ter como base os projetos já feitos pela prefeitura para a avenida que preveem 28,8 km de corredor entre a estação Guaianases da CPTM, na zona leste, ao terminal de ônibus Parque Dom Pedro, no centro. O traçado deverá ser no canteiro central da via e contar com 29 paradas, túneis e viadutos exclusivos para os ônibus.

Estão previstas desapropriações em alguns pontos da avenida. Embora a Prefeitura diga que ainda não é possível dizer onde e quantos imóveis deverão ser afetados, esse tipo de ação costuma atrasar a entrega de construções deste tipo.

A prefeitura estima que 25 mil passageiros deverão passar pelo corredor diariamente. O investimento previsto é de R$ 551 milhões. 

A prefeitura diz que exigirá que as obras sejam feitas sem interromper o tráfego da já congestionada Radial Leste. A empresa construtora também não poderá usar a estrutura do corredor para explorar painéis de publicidade. A construtora também não poderá cobrar taxas para o acesso ao BRT.

A prefeitura diz ainda que futuramente os passageiros pagarão pela passagem ao entrarem nas paradas do BRT e não mais dentro dos ônibus, o que deve agilizar o embarque. 

A construção de corredores de ônibus, embora seja uma promessa da gestão Doria/Covas, está em marcha lenta na cidade. O prefeito João Doria (PSDB) retirou do Orçamento, em seus 15 meses de mandato, R$ 716 milhões que seriam destinados para construir corredores de ônibus em São Paulo —valor suficiente para implantar quase 30 km de novas pistas exclusivas.

SONHO ANTIGO

A promessa de um corredor de ônibus na Radial Leste se arrasta desde 2011. Naquele ano, a gestão Kassab (PSD) disse que faria um corredor de 7 km até 2012. A realização da Copa do Mundo na cidade foi uma das justificativas para o projeto. 

Na gestão Fernando Haddad (PT), a ideia avançou, ganhou projeto básico e recursos. Mas a licitação da obra foi suspensa, já que o TCU (Tribunal de Contas da União) considerou que o projeto básico era falho, havia sobrepreço e que houve restrição à concorrência entre as construtoras. 

Matéria publicada na Folha de S. Paulo.

 

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